Jabutis que vivem no Bosque Municipal de Apucarana, na região norte do Estado, acabaram de ganhar uma nova moradia. Há algumas semanas, foi inaugurado no lugar um viveiro especialmente construído para recebê-los. O espaço, que é composto por um gramado de oitocentos metros quadrados, permite que os animais vivam com maior qualidade, conforto e segurança.
?No total, o bosque municipal abriga 22 jabutis. Eles vivem no local há bastante tempo. Porém, antes da construção do viveiro específico, eram mantidos junto com as tartarugas da espécie tigre d?água brasileira (Trachemys dorbignyi), o que não era considerado ideal?, explica a bióloga responsável pelo bosque Thayna Puzzi, que foi uma das responsáveis pela transferência dos bichos ao novo recinto.
Os jabutis que vivem em Apucarana são da espécie Geochelone carbonaria, mais conhecida como jabuti-piranga. Quando mantidos junto com as tarturagas, eles não conseguiam ter sucesso no processo de reprodução. Como o espaço era muito pequeno, os ovos acabavam sendo pisoteados e quebrados bem antes que os filhotes tivessem chance de nascer.
?Os jabutis colocam os ovos e os enterram. Ao contrário de outros bichos, não ficam cuidando dos mesmos. Por isso, a única solução para evitar o pisoteamento era colocar os animais em um lugar mais espaçoso. Em toda história do bosque municipal, foi registrado no local o nascimento de apenas dois jabutis, ocorrido um pouco antes de o novo viveiro ser finalizado. Agora, esperamos que outros filhotes apareçam.?
Outro inconveniente no viveiro das tigres d?água era o piso de areia. A vida na areia não é muito apreciada pelos jabutis e faz com que eles tenham maior dificuldade em enterrar os ovos. Cada fêmea coloca, em uma única vez, entre cinco e sete ovos. Estes levam cerca de sessenta dias para eclodir. Os animais vivem, em média, oitenta anos. Porém, alguns conseguem atingir mais de cem anos de idade.
Público
O novo viveiro, de acordo com Thayna, também permite que o público visualize mais facilmente os jabutis. Desta forma, adultos e crianças podem aprender mais sobre as características dos animais, que possuem hábitos diurnos. No bosque, eles têm tratamento especial, recebendo diariamente refeições balanceadas. ?Os jabutis são atraídos principalmente por alimentos de cores vermelhas e amarelas. Os alimentamos com frutas, como bananas e maçãs, e folhas verdes escuras, como couve e almeirão.? Os jabutis não possuem dentes, mas sim uma placa óssea que funciona como lâmina.
Todos os répteis mantidos no bosque de Apucarana são originários de doações ou apreensões realizadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). Estas geralmente acontecem quando é verificada comercialização ou guarda ilegal dos animais.
Há duas espécies no Brasil
No Brasil, existem duas espécies conhecidas de jabutis: o jabuti-piranga e o Geochelone denticulata, mais conhecido como jabuti-tinga e que se caracteriza pela cor amarelada do corpo. Os animais, quando autorizado pelo Ibama, podem ser comercializados como bichos de estimação, sendo vendidos em lojas especializadas.
No ambiente doméstico, os répteis geralmente têm boa adaptação. Costumam ter comportamento dócil, interagindo com as pessoas e mesmo reconhecendo os proprietários. Também não costumam dar muito trabalho, podendo ser deixados soltos na presença dos donos.
Quando sozinhos, os jabutis devem ser mantidos dentro de terrários, com temperatura entre 23ºC e 30ºC. Necessitam de água limpa para beber e se refrescar e de sol durante algumas horas. Devem ser alimentados com rações especiais, mas também podem receber carne, frutas, verduras e legumes frescos.
A comercialização ilegal do animal, assim como a soltura do mesmo na natureza, é considerada crime. O jabuti é considerado uma espécie silvestre.
Bosque existe desde a década de 40s
Foto: Divulgação |
![]() |
Além do usado pelos jabutis, há viveiros de outros animais. |
O Bosque Municipal de Apucarana existe desde a década de quarenta, estando aberto para visitação desde a década de sessenta. Em meados da década de noventa, precisou fechar as portas, tendo que se adequar a algumas exigências do Ibama. Recebeu investimentos de cerca de R$ 120 mil e foi reaberto à visitação em 29 de janeiro de 2006.
Fica localizado na Rua Clóvis da Fonseca, 1551, na esquina com a Rua João Antônio Braga Côrtes, na região central. Funciona de terça-feira a domingo, das 9h às 17h, estando aberto à visitação do público em geral e de grupos de escolas. No ano passado, o local recebeu 5.388 alunos provenientes de escolas municipais, estaduais e particulares de Apucarana e de municípios vizinhos, que participaram de práticas ligadas à educação ambiental.
O bosque abriga cerca de 150 animais. Além dos jabutis, é possível visitar viveiros de araras, tucanos, papagaios, pavões, macacos, entre outros animais. A entrada é gratuita. Mais informações: (43) 3424-0774.
Casco mais duro e pele resistente para viver na terra
A maioria das pessoas, ao olharem para um jabuti, uma tartaruga e um cágado, não sabe distinguir muito bem a diferença entre um animal e os outros. Porém, embora todos sejam répteis, eles têm algumas características específicas que os diferenciam.
Os jabutis, de acordo com a bióloga Thayna, vivem exclusivamente na terra. Por isso, têm o casco mais duro e a pele considerada mais resistente. Eles podem ser reconhecidos tanto pelo casco convexo e arqueado quanto pelas patas grossas, que muitas vezes lembram miniaturas de pernas de elefantes.
Já as tartarugas são aquáticas, podendo, dependendo da espécie, viver em água doce ou salgada. Elas têm as membranas mais finas e lisas, além de casco achatado. Suas patas são afinadas nas extremidades e funcionam como nadadeiras.
Os cágados, por sua vez, são espécies semi-aquáticas, isto é, que vivem na água e na terra. ?Diferentes das tartarugas e dos jabotis, eles têm um pescoço mais comprido, que faz um ?s? quando colocado para fora do casco, e são carnívoros?, diz Thayna. ?No bosque municipal, temos oito cágados. Fornecemos a eles carne de boi, caranguejos e camarões.?
