O Ministério das Relações Exteriores informou ontem que foi oficialmente comunicado pelo governo do presidente Donald Trump sobre o envio ao México de cidadãos do Brasil detidos na fronteira. Em nota, o Itamaraty confirmou que as autoridades americanas passaram a aplicar aos brasileiros o “Protocolo de Proteção ao Migrante (MPP)”.

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“O consulado (do Brasil na Cidade do México) não relatou pedido de assistência por parte dos brasileiros enviados a Ciudad Juárez. Trata-se de brasileiros que ingressaram regularmente no México e poderão permanecer em território mexicano pelo tempo estabelecido pela legislação mexicana”, afirmou o Itamaraty, em nota.

A diretora e cofundadora do ONG Grupo Mulheres Brasileiras, Heloísa Galvão, disse ontem ao jornal O Estado de S. Paulo ter conversado com ONGs do México que recebem os imigrantes brasileiros que têm chegado em Ciudad Juárez, recordista de feminicídios no México. “A cidade é conhecida como a que mais mata mulher no mundo. Imagina as mulheres brasileiras lá? Com crianças pequenas?”, disse Heloísa.

Críticas

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De acordo com a ativista, cuja ONG presta assistência a imigrantes, essas famílias de brasileiros estão correndo vários riscos. Primeiro, na travessia para os EUA, na própria prisão americana e, depois, quando são mandadas para o México, para aguardar o julgamento de seu pedido de asilo.
“Qualquer pessoa que seja mandada para Ciudad Juárez tem um preço na cabeça, porque é assim que funciona lá. Se os mexicanos já são mortos, imagine os brasileiros. Vai aumentar o índice de criminalidade, de exploração, de morte, de abuso.”

Heloísa se queixa de que o Brasil esteja priorizando uma relação com o governo americano às custas do bem-estar dos brasileiros. “Nunca vi isso na política externa brasileira. Nunca vi outro país defender um outro governo estrangeiro em vez de defender seus cidadãos.” (Colaborou Felipe Frazão)

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.