Israel terá de renunciar a grande parte da Cisjordânia e a Jerusalém Oriental se quiser a paz com os palestinos, afirmou o primeiro-ministro Ehud Olmert em entrevista de despedida do cargo publicada hoje. Israel “encontra-se diante de uma decisão difícil e que precisa ser tomada rapidamente”, declarou Olmert, que renunciou ao cargo em meio a denúncias de corrupção, na entrevista concedida ao jornal local Yediot Ahronot. O primeiro-ministro, que durante seu governo retomou as negociações com os palestinos e com a Síria, também observou que Israel terá de abrir mão das Colinas de Golã caso deseje a paz com Damasco.
Os comentários de Olmert foram interpretados como um sinal de sua vontade de aceitar tais condições em troca da paz com os inimigos do país. A relevância das declarações, no entanto, não é clara ainda, uma vez que Olmert ocupa agora interinamente a chefia de governo e as negociações de paz serão conduzidas por quem o suceder.
“Temos de chegar a um acordo com os palestinos, o que significa termos de nos retirar de quase todos os territórios, talvez até de todos”, prosseguiu Olmert, que até pouco tempo dizia-se contrário a uma retirada tão ampla, especialmente no que diz respeito a Jerusalém Oriental.
Os palestinos exigem a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e o leste de Jerusalém para fundar uma nação independente. Todos esses territórios foram ocupados por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, travada em 1967. Israel abandonou a Faixa de Gaza em 2005, mas ainda mantém o controle da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental.
Olmert destacou que Israel manteria “uma porcentagem” da Cisjordânia, mas teria que ceder aos palestinos uma quantidade equivalente de território israelense, pois sem tais concessões “não haverá paz”. Ele também defendeu que Israel abandone parte de Jerusalém Oriental, onde os palestinos pretendem fundar a capital de um futuro Estado independente. Segundo Olmert, Israel não poderia manter o controle sobre os mais de 200 mil palestinos que moram ali.