Um órgão da prefeitura de Jerusalém aprovou hoje um plano por meio do qual 22 casas pertencentes a palestinos na cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos seriam demolidas para dar lugar a um centro turístico israelense. A decisão voltou a irritar a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e a causar tensão entre Israel e os Estados Unidos. A aprovação final ao projeto cabe ao Ministério de Interior de Israel e ainda pode passar meses em análise. A Prefeitura de Jerusalém argumenta que as 22 casas árabes foram construídas sem autorização. Os palestinos, no entanto, argumentam que se tornou praticamente impossível conseguir esse tipo de licença junto às autoridades israelenses.
“Agora, depois de aprimorar o plano e de buscar a cooperação dos moradores, com relação a suas necessidades e à qualidade de suas vidas, a prefeitura está pronta para apresentar os planos para o primeiro estágio de aprovação, disse Stephan Miller, porta-voz de Barkat. Já o responsável pela ANP em Jerusalém Oriental protestou: “Isso é uma colonização municipal”, disse Adnan al-Husseini,
O governo norte-americano evidenciou seu descontentamento com os planos israelenses de expansão em Jerusalém Oriental, mas ressalvou que ainda se trata de uma aprovação preliminar. “Esse é exatamente o tipo de medida que mina a confiança que é fundamental para o diálogo de paz”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, P. J. Crowley. O presidente Barack Obama já havia publicamente solicitado a Israel que não demolisse casas palestinas em Jerusalém. Americanos e europeus haviam elogiado no domingo a decisão de Israel de aliviar o bloqueio a Gaza. O cerco ao território foi reduzido quase um mês após o ataque militar israelense a uma flotilha humanitária. Pelo menos nove cidadãos turcos morreram na ação.
Histórico
Em março, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, havia pressionado o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, a paralisar o plano para que as autoridades pudessem conversar com os palestinos que perderiam suas casas – num adiamento que parecia ter como objetivo aliviar as críticas norte-americanas na ocasião. Na mesma época, Netanyahu havia anunciado a expansão de assentamentos judaicos enquanto o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estava em Israel. O anúncio levou à pior crise entre Tel-Aviv e Washington dos últimos anos.
Tanto israelenses quanto palestinos reivindicam Jerusalém como capital. A cidade foi capturada por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Anos mais tarde, o governo israelense anexou a cidade e a declarou sua capital “eterna e indivisível”. As iniciativas israelenses, no entanto, são rechaçadas pela comunidade internacional, que defende uma solução negociada. Os palestinos reivindicam o setor árabe da cidade, conhecido como Jerusalém Oriental, como capital de seu futuro Estado independente e soberano.