As Forças Armadas de Israel anunciaram hoje que dois altos oficiais foram advertidos por aprovar o disparo de artilharia em uma instalação das Nações Unidas, durante a ofensiva na Faixa de Gaza no ano passado. Trata-se da primeira admissão de qualquer erro entre as altas patentes israelenses, na ação militar de 2009.

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Israel anunciou a punição dos militares em um documento enviado à ONU na sexta-feira, em resposta a um relatório da entidade que acusava os israelenses de cometerem crimes de guerra. Israel tenta impedir a ameaça central do relatório da ONU, que é lançar investigações sobre crimes de guerra, caso não haja uma apuração independente da conduta dos militares durante o confronto.

O ataque de artilharia, que ocorreu em um lugar onde mais de 700 civis palestinos estavam refugiados, destruiu o local que auxiliava mais de 1 milhão de moradores de Gaza. Além disso, foram destruídos milhares de quilos de comida e outros itens de auxílio. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estava visitando a região na época do ataque.

Israel afirma que militantes abriram fogo contra tropas israelenses do local, o que a ONU contesta. Apesar disso, os israelenses informaram que um general e um coronel “excederam sua autoridade de um modo que ameaçou as vidas de outros”, ao autorizarem o disparo de artilharia na área.

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Fósforo branco

Autoridades militares negaram uma reportagem do jornal “Haaretz”, segundo a qual oficiais foram reprimidos por disparar fósforo branco, uma munição altamente incendiária. O fósforo branco pode ser usado legalmente em algumas situações no campo de batalha, mas sua utilização em áreas de Gaza levou às acusações de crimes de guerra. O relatório da ONU afirma que essa substância foi usada de modo impróprio nesse ataque.

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“O mais importante e que quero enfatizar é que não temos absolutamente nada a esconder”, afirmou um porta-voz militar, capitão Barak Raz. As Forças Armadas afirmaram que não irão identificar os oficiais que foram advertidos. Jornais e rádios israelenses, porém, identificaram a dupla como o comandante da divisão de Gaza, general Eyal Eisenberg, e o coronel Ilan Malka, então comandante da brigada de elite Givati. A ação disciplinar pode comprometer as chances deles de promoção.

Israel lançou a ofensiva com o objetivo declarado de encerrar os ataques com foguetes realizados por militantes palestinos, no sul israelense. Mais de 1.400 palestinos, incluindo mais de 900 civis, morreram na ação militar, além de 13 israelenses. Grandes áreas de Gaza foram destruídas e permanecem isoladas, por causa de um bloqueio israelense e egípcio que atrapalha a reconstrução.