A Marinha israelense interceptou uma embarcação iraniana que levava remédios, alimentos e roupas para a Faixa de Gaza. Além disso, obrigou o navio a seguir até um porto egípcio, informou nesta quarta-feira (14) uma emissora estatal do Irã. O chefe do grupo de ajuda humanitária que patrocina o navio, Ahmad Navabi, disse que a Marinha de Israel se aproximou do cargueiro Shahed quando ele estava a 30 quilômetros distante da costa da Faixa de Gaza, na madrugada desta quarta, e ordenou que a embarcação interrompesse a rota.

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“Um navio de guerra israelense se aproximou de nosso cargueiro e advertiu para que não nos aproximássemos de Gaza”, disse Navabi. “Nós podíamos ver as luzes da costa de Gaza. Fomos forçados a mudar a rota, em direção a um porto egípcio.” A embarcação levava 2 mil toneladas de remédios, alimentos e roupas aos palestinos. Navabi disse que a entidade humanitária tentará agora levar o auxílio por meio da passagem de Rafah, por terra, na fronteira com o Egito. O navio partiu da cidade portuária de Bandar Abbas há duas semanas.

O Irã já enviou um avião com 50 toneladas de auxílio humanitário ao Egito, para que a ajuda seguisse à Faixa de Gaza. Teerã condena as operações israelenses na região, iniciadas em 27 de dezembro. Os ataques israelenses já mataram mais de 940 palestinos e enfureceram o mundo muçulmano. Israel alega que iniciou a investida para interromper o lançamento de foguetes de militantes do grupo islâmico Hamas em seu território. O Irã é o principal aliado do Hamas, fornecendo auxílio político e financeiro ao grupo, apesar de Teerã negar que envie armas à organização.

Na semana passada, autoridades iranianas proibiram a operação de companhias internacionais no Irã caso israelenses possuam ações dessas empresas. No domingo, o governo informou que planeja impor sanções a companhias estrangeiras que trabalhem com Israel, porém não especificou como isso seria feito. Em outro gesto de apoio aos palestinos, o principal líder religioso do Irã, aiatolá Ali Khamenei, divulgou uma fatwa em que declara que comprar qualquer bem ou comerciar com companhias israelenses é proibido.

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Uma fatwa é um decreto religioso que os muçulmanos devem obedecer se reverenciarem a pessoa que a prescreve. No caso de Khamenei, isso deve se restringir em grande parte aos iranianos xiitas. O Irã não reconhece Israel e não tem vínculos comerciais com o país. A decisão afeta companhias internacionais no Irã que comprovadamente possuem acionistas israelenses.