Um enviado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez “um pedido inequívoco” à Autoridade Palestina para conter uma onda de protestos na Cisjordânia, segundo comunicado divulgado neste domingo pelo governo israelense.
O comunicado acrescenta que Netanyahu também ordenou a transferência dos recursos reunidos com impostos em janeiro, em referência à quantia que Israel arrecada dos palestinos e que vinha sendo retidos.
Enquanto isso, milhares de prisioneiros palestinos iniciaram neste domingo um jejum de 24 horas em protesto pela morte no sábado de Arafat Shalish Shahin Jaradat, de 30 anos, que estava sob custódia de autoridades israelenses após vários dias de protestos na Cisjordânia.
O grupo israelense de direitos humanos B’Tselem pediu uma ampla investigação da morte de Jaradat e defendeu que a polícia apure “todas as circunstâncias” que envolveram o caso, incluindo como ele foi tratado durante o interrogatório pela Shin Bet, a agência de inteligência israelense.
Segundo a agência, Jaradat foi preso no dia 18 de fevereiro após moradores de sua comunidade Saeer, na Cisjordânia, terem relatado seu envolvimento num ataque com pedras que feriu um cidadão israelense. Jaradat admitiu a culpa, segundo informou a Shin Bet em comunicado. A agência afirma que o manifestante sofria de dores nas costas e foi ferido no passado por uma bala de borracha e por um tubo de gás lacrimogêneo, acrescentando que ele foi examinado algumas vezes por um médico que não detectou problemas cardíacos, e o interrogatório prosseguiu. “Após o almoço, enquanto descansava numa cela, ele sentiu-se mal. O serviço de resgate e um médico foram alertados e cuidaram dele, mas não conseguiram salvar sua vida”, diz o comunicado da agência israelense.
Segundo um porta-voz da Shin Bet, que pediu para não ser identificado, Jaradat não foi espancado durante seu interrogatório e não passou por qualquer atividade física que possa ter levado à piora de sua saúde. Jaradat, de acordo com a porta-voz do serviço prisional israelense, Sivan Weizman, não estava em greve de fome e morreu aparentemente de um ataque cardíaco.
A morte do manifestante enfureceu palestinos que vinham protestando há mais de uma semana em apoio aos milhares de prisioneiros palestinos em Israel, especialmente aos quatro prisioneiros em greve de fome. Os protestos rapidamente se transformaram em confrontos violentos com soldados israelenses.
Autoridades de defesa de Israel afirmaram que o chefe de gabinete Benny Gants reuniu-se com as principais autoridades militares no sábado à noite para discutir a escalada nas tensões na Cisjordânia.
Enquanto isso, o atual presidente do Parlamento de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, alertou que a violência entre israelenses e palestinos vai aumentar a menos que as negociações de paz sejam retomadas. “Estamos à beira de uma Intifada”, disse o parlamentar a uma rádio de Israel usando o termo árabe para um levante. “Tenho alertado sobre isso há vários meses. Conheço essas pessoas e vejo os sinais”, disse o parlamentar, que já foi ministro de Defesa. “Como alguém que passou por duas Intifadas, digo que desta vez será a mais sangrenta”, alertou. As informações são da Associated Press.