As menções à “catástrofe” da criação de Israel nos livros escolares usados pelos estudantes árabes do Estado israelense serão removidas dos textos, anunciou hoje o ministro da Educação do país, Gideon Saar. A referência à “Naqba” (catástrofe) foi inserida nos livros há dois anos, incentivada por uma ex-ministra da Educação alinhada a uma política moderada. Em 1948, depois da guerra que resultou na formação de Israel, mais de 700 mil palestinos foram expulsos ou fugiram da região, segundo estimativas.

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A decisão se aplica a um livro escolar da terceira série usado por estudantes árabes. Não há menção similar nos livros usados pelos estudantes judeus. Hoje, Saar disse ao Parlamento israelense que os professores poderão continuar discutindo as tragédias que recaíram sobre os palestinos, mas que não haverá menção ao assunto nos textos. O ministro, que representa o governo linha dura do Likud, alegou que “nenhum país no mundo trata sua fundação como uma catástrofe” em seu próprio currículo escolar oficial.

Yossi Sarid, um ex-ministro da Educação moderado, disse que a decisão de Saar demonstra insegurança. “O sionismo já venceu de diversas formas e pode ficar mais confiante. Não precisamos ter medo de uma palavra”, afirmou. Nos livros oficiais de história em Israel, a fundação do país normalmente é abordada exaltando o heroísmo das forças israelenses e qualificando o exílio em massa de palestinos – quando o assunto é citado – como uma fuga voluntária. O retorno dos refugiados e de seus descendentes, atualmente calculados em 4 milhões, é uma das demandas palestinas presentes em negociações de paz com Israel.

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