Nações árabes acusaram Israel nesta segunda-feira (19) de atingir a Faixa de Gaza com munição que continha urânio empobrecido e pediram à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que investigue relatórios que vestígios da dita munição foram encontrados nas vítimas da ofensiva contra o território palestino. Em uma carta representando embaixadores árabes na Áustria, o príncipe Mansour Al-Saud, o embaixador do reino da Arábia Saudita na Áustria, expressou “profunda preocupação com a informação de que vestígios de urânio empobrecido foram encontrados em vítimas palestinas”.
A Associated Press obteve uma cópia da carta nesta segunda-feira. O documento pede com urgência ao diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, que “conduza uma investigação para verificar a presença de urânio empobrecido nas munições usadas por Israel na Faixa de Gaza”. Funcionários do Estado de Israel na AIEA disseram que não podiam comentar as declarações do príncipe saudita antes de lerem a carta.
A porta-voz da AIEA, Melissa Fleming, confirmou o recebimento da comunicação e disse que a AIEA poderá dar uma resposta ainda hoje. A carta, que cita “fontes médicas e dos veículos de mídia” como origem das acusações, parece aludir às preocupações de saúde relacionadas ao urânio empobrecido.
Um artigo da AIEA sobre a questão diz que embora a substância “seja potencialmente cancerígena, a falta de provas de um risco definitivo de câncer em estudos feitos durante várias décadas é significativa, e pode colocar os resultados dos estudos em perspectiva”. O artigo afirma que “existe risco de desenvolver câncer a partir da exposição à radiação emitida pelo urânio empobrecido. O risco é proporcional à quantidade de radiação (que a vítima) receber”.
Acusações
Não é a primeira vez que Israel é acusado de usar munições com urânio empobrecido, material que aumenta o poder de penetração de bombas e morteiros. As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) não comentaram as acusações. Os Estados Unidos e tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) usaram munições com urânio empobrecido no Iraque e na Bósnia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as munições com urânio empobrecido têm baixa radioatividade.