A resposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à crise política no Egito está atraindo fortes críticas em Israel, onde muitos veem a postura norte-americana como ingênua, uma vez que suas pressões para que o presidente egípcio Hosni Mubarak deixe o poder poderão se voltar contra Washington no futuro.
Os críticos, entre os quais estão políticos de destaque, analistas de geopolítica e jornalistas, afirmam que Obama repete os mesmos erros de seus predecessores, cujos pedidos por democracia e direitos humanos no Oriente Médio tiveram um resultado exatamente oposto ao pretendido, levando regimes antiamericanos ao poder.
“Eu não acredito que os americanos entenderam ainda o desastre para o qual eles estão conduzindo o Oriente Médio”, afirmou o parlamentar israelense Binyamin Ben-Eliezer, que até recentemente era membro do gabinete de governo de Israel e é amigo de Mubarak. “Se ocorrerem eleições como os americanos desejam, eu não ficaria nada surpreso se a Irmandade Muçulmana conquistasse metade das cadeiras do Parlamento”, disse à rádio do exército de Israel. “Será um novo Oriente Médio, o do extremismo radical islamita”.
Há três décadas, o então presidente americano Jimmy Carter (que governou entre 1977 e 1981) fez vários apelos para outro aliado próximo dos EUA, o xá (imperador) do Irã, Mohammed Reza Pahlavi, democratizar o país. Pahlavi foi derrubado pela Revolução Iraniana em 1979 e a monarquia foi substituída por uma república islâmica. Mais recentemente, o apoio americano a eleições fortaleceu grupos como o Hezbollah no Líbano, o Hamas nos territórios ocupados palestinos e radicais antiamericanos no Irã.
“Jimmy Carter entrará para a história americana como o presidente que perdeu o Irã”, escreveu o analista político Aluf Benn, no diário Haaretz nesta semana. “Barack Obama será lembrado como o presidente que ‘perdeu’ a Turquia, o Líbano e o Egito, e também como o governo durante o qual as alianças americanas se esfacelaram no Oriente Médio”, afirmou. As informações são da Associated Press.