Israel critica acordo de reconciliação entre Hamas e ANP

Autoridades israelenses criticaram hoje um acordo entre facções rivais palestinas, advertindo que o país não negociará com um governo do Hamas e ameaçando tomar medidas contra a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

O conservador ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, e o ministro da Defesa, Ehud Barak, advertiram que o país nunca aceitará um governo do Hamas. Já um político de centro disse que Israel deve oferecer logo um plano de paz, antes que a comunidade internacional decida reorganizar o grupo islâmico.

“Com esse acordo, uma linha vermelha foi ultrapassada”, afirmou Lieberman à rádio militar israelense. Um dia antes, representantes do grupo laico Fatah, do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, e do Hamas anunciaram no Cairo um acordo de reconciliação.

Lieberman lembrou que Israel tem um vasto arsenal de medidas que podem prejudicar os palestinos, como a possibilidade de retirar o status de vistos “VIPs” de Abbas e do primeiro-ministro da ANP, Salam Fayyad. “Nós também podemos congelar a transferência de impostos coletados por Israel para a Autoridade Palestina”, acrescentou Lieberman, líder do partido Israel Beitenu, integrante da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O surpreendente acordo anunciado ontem encerra meses de fracassadas rodadas de conversas para a formação de um governo palestino interino. O grupo pretende realizar eleições presidenciais e legislativas em um ano. O acordo poderia encerrar uma devastadora divisão política, que levou a ANP, dominada pelo Fatah, a controlar a Cisjordânia, enquanto o Hamas governa a Faixa de Gaza.

Pouco após o acordo, Netanyahu advertiu Abbas, dizendo que ele precisa “escolher entre a paz com Israel ou a paz com o Hamas”. Essa visão é a de muitos na política israelense.

Lieberman disse que, com o acordo, “centenas de terroristas do Hamas” seriam libertados e, com eleições, o Hamas tomaria o controle da Cisjordânia.

Para ele, a comunidade internacional deve insistir que qualquer acordo de um governo de unidade inclua as condições anunciadas pelo chamado Quarteto para a paz no Oriente Médio – a Organização das Nações Unidas (ONU), os Estados Unidos, a União Europeia e a Rússia. Segundo ele, essas condições incluem a renúncia à violência, o reconhecimento de Israel e de acordos passados, porém “o Hamas não aceita nenhuma delas”. Barak disse que o acordo mostrava “a necessidade de confiarmos apenas em nós mesmos”. “Nós nunca negociaremos com o Hamas, é uma organização criminosa”, afirmou.

Um líder do centrista Kadima, Haim Ramon, disse que “o status quo é um desastre para nós (israelenses) do ponto de vista da política e da segurança”. O oposicionista defendeu que Israel lance sua própria iniciativa política, para evitar que o Quarteto reconheça o Hamas. “Israel deve anunciar que deixará os territórios palestinos, mas manterá blocos de assentamento, em uma troca de terras”, sugeriu Ramon. “Apresentar uma alternativa irá acabar com a ameaça de isolamento internacional”.

As forças de segurança israelenses temem que um acordo de união palestina acabe com a cooperação da Autoridade Palestina na prisão de membros do Hamas na Cisjordânia, e além disso que membros do grupo sejam liberados de cadeias dessa região. As informações são da Dow Jones.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo