Os israelenses vão às urnas na terça-feira (10) para definir o futuro de um país tomado pela insegurança, pela incerteza e por uma indisfarçável irritação com os políticos. Os enormes cartazes espalhados pelas principais cidades parecem ser o único sinal de que os israelenses estão prestes a eleger o primeiro-ministro que, em tese, deverá assinar um histórico acordo que pode mudar o rumo do Oriente Médio.

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Parte do ceticismo se deve à eterna divisão que marca a política israelense. Desde 1996, nenhum primeiro-ministro conseguiu concluir o mandato de quatro anos. Foram convocadas eleições nada menos que seis vezes – numa média de uma eleição a cada dois anos. De lá para cá, o índice de participação do eleitorado caiu a cada votação – de 79,3% em 1996 para 63,2% em 2006. A previsão é que, desta vez, fique abaixo dos 60%. Governos de coalizão formados por partidos com interesses díspares surgiram e viraram pó em questão de meses.

“Não se trata de indiferença e sim de irritação. Os eleitores não aguentam mais os políticos e suas promessas vazias”, disse ao Estado a cientista política Tamar Herman, do Instituto Nacional para Democracia. “O mesmo fenômeno se viu nos Estados Unidos até o surgimento de um candidato como Barack Obama. Aí os eleitores se animaram e foram votar em massa.”

Entre os que se dispõem a votar, a segurança de Israel foi o tema dominante da campanha eleitoral que termina hoje. O resultado do conflito com o grupo islâmico Hamas, que deixou 1.300 palestinos e 13 israelenses mortos, jogou para segundo plano a crise econômica que aumentou o desemprego e ameaça levar Israel a uma das maiores recessões de seus 60 de existência.

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Os principais candidatos discordaram quanto ao sucesso – ou fracasso – da operação militar que devastou Gaza, mas não parece ter dado um golpe mortal no Hamas.

Desde que Israel anunciou um cessar-fogo unilateral no dia 17 (seguido de uma declaração de trégua também unilateral por parte do grupo radical), foguetes Kassam e Grad, além de granadas de morteiros, continuaram sendo lançados por extremistas palestinos de Gaza, colocando em dúvida a validade da ofensiva.

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A discussão esconde a verdadeira questão que norteia a votação: quem tem mais cacife para lidar com as ameaças à segurança nacional? O candidato mais bem colocado nas pesquisas eleitorais, o direitista Binyamin “Bibi” Netanyahu, do partido de oposição Likud, garante que é ele. Segundo a última enquete publicada pelo jornal Yediot Ahronot, Bibi deve ficar com 27 das 120 cadeiras da Knesset (Parlamento) – o que lhe daria o direito de formar o próximo governo. O candidato liderou as pesquisas desde o começo da campanha e seu partido chegou a ter projeção de 30 cadeiras. Na reta final, passou a ser ameaçado de perto pela principal rival, a chanceler Tzipi Livni, do partido governista de centro Kadima.