A Irmandade Muçulmana do Egito voltou a criticar duramente os militares pela destituição do presidente Mohammed Morsi, em julho deste ano, e comparou o comportamento da corporação aos de Adolf Hitler, do imperador romano Nero e do imperador mongol Hulagu Khan. As novas declarações esquentam o clima no país antes de comícios rivais de opositores e apoiadores de Morsi marcados para este domingo, 6, no Cairo.
A data marca os 40 anos da Guerra do Yom Kippur – confronto armado da coalizão árabe contra tropas israelenses pelo controle de territórios no Canal de Suez, em 1973. A data será marcada por comícios, na praça de Tahrir, no Cairo, palco dos principais protestos do país na Primavera árabe. A expectativa é de confronto entre opositores e apoiadores do governo atual que participarão de novas manifestações no local.
A Irmandade também criticou o regime do antigo líder Gamal Abdel-Nasser. O carismático chefe de Estado é reconhecido pelo povo egípcio como pai dos pobres e um nacionalista que conseguiu unir o país. Nasser também perseguiu a Irmandade Muçulmana entre os anos 1950 e 1960, mandando prender centenas de integrantes e executando líderes do grupo.
A declaração também pede às tropas egípcias que se rebelem, afirmando que espera que o domingo marque uma “vitória do povo sobre aqueles que encenaram um golpe para ganhos pessoais”. Outros grupos ligados à Irmandade também emitiram notas sugerindo que o Exército pare de interferir na política do país e incitando um motim entre os soldados.
Desde a queda de Morsi, no dia 3 de julho, o governo militar tem perseguido a Irmandade Muçulmana, prendendo membros e apoiadores. Em resposta, o grupo tem criado oposição e criticado duramente os militares, o que tem gerado tensão no país. Com uma linguagem mais forte que as anteriores, o discurso atual certamente as chances de uma possível reconciliação política com o governo interino no país.