A coalizão liderada pelo primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, foi a mais votada em sete das 12 províncias em que houve eleições locais no mês passado e conseguiu um empate em outra província, mas não conseguiu maioria clara em nenhum dos distritos. O anúncio dos resultados foi feito neste sábado (4) pela Alta Comissão Eleitoral do país.
As eleições locais não têm impacto no Parlamento iraquiano, mas podem oferecer uma indicação da disposição do eleitorado do país em relação aos partidos um ano antes das próximas eleições parlamentares. Participaram dos pleitos locais 50 blocos partidários, disputando 378 cadeiras nos Legislativos provinciais. Segundo a comissão, 51% dos 13,8 milhões de eleitores foram às urnas, a mesma participação das eleições locais anteriores, realizadas em 2009.
Em Bagdá e em Basra, a segunda maior cidade do Iraque, o bloco mais votado foi o Estado da Lei, liderado por Al-Maliki. Na capital, essa coalizão elegeu 20 dos 58 legisladores, seguida pelo bloco xiita liderado pelo clérigo Muqtada al-Sadr (o maior dos que se opõem à presença militar dos EUA no país). O bloco liderado pelo presidente do Parlamento, o sunita Osama al-Nujaifi, elegeu sete legisladores.
O bloco liderado por Al-Maliki também foi o mais votado nas províncias de Diwaniyah, Muthanna, Dhi Qar, Karbala e Babil. Na província de Wasit, a sudoeste de Bagdá, a coalizão Estado da Lei e o Conselho Supremo Islâmico do Iraque (xiita) empataram ao eleger sete legisladores cada.
A aliança governista também elegeu a maioria dos legisladores na província de Maysan, no sul do Iraque, a única do país em que o governador é do partido de Al-Maliki.
Segundo o analista político Hadi Jalo, a predominância dos blocos xiitas em Bagdá e nas províncias do sul do Iraque não é surpreendente. Ele ressalvou que a redução do apoio a esse bloco em algumas regiões pode sinalizar que o governo terá menos apoio no futuro.
“O grupo de Al-Maliki não conseguiu uma maioria confortável e isso é uma indicação de que ele poderá enfrentar mais dificuldades para obter um terceiro mandato nas próximas eleições gerais, em 2014”, disse Jalo. Para ele, isso obrigará o primeiro-ministro a depender mais dos partidos religiosos xiitas, e também dos curdos.
Jalo também observou que o bom desempenho de blocos sunitas que apoiam o presidente do Parlamento, Al-Nujaifi, indica um endurecimento de posições na divisão entre sunitas e xiitas e uma rejeição aos políticos que defendem uma conciliação. “Os sunitas iraquianos escolheram candidatos de linha dura porque temem que o país esteja caminhando na direção de um conflito entre xiitas e sunitas e querem líderes fortes que se oponham a Al-Maliki”, afirmou o analista.
As eleições de 20 de abril foram as primeiras desde a retirada da maioria das tropas de ocupação norte-americanas, no fim de 2011. Houve relativamente pouca violência no dia da votação, mas uma onda de atentados com carros-bomba foi deflagrada nos dias subsequentes. As eleições nas províncias predominantemente sunitas de Anbar e Nínive foram adiadas por causa de temores de violência. As três províncias de maioria étnica curda, no norte do país, terão eleições locais somente em setembro. Não há eleições previstas na província etnicamente divida de Kirkuk. As informações são da Associated Press.