O órgão responsável pela supervisão das eleições no Irã rejeitou nesta terça-feira a candidatura de dois presidenciáveis considerados capazes de provocar alguma reviravolta no cenário eleitoral da república islâmica: o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, candidato de grande apelo entre os reformistas, e Esfandiar Rahim Mashaei, um destacado assessor do presidente em fim de mandato Mahmoud Ahmadinejad.
Mashaei, o aliado de Ahmadinejad, qualificou a decisão como “injusta” e disse que recorreria ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
Rafsanjani, que é um aiatolá, não se pronunciou sobre a decisão do Conselho dos Guardiães, mas seus simpatizantes criticaram a decisão nas mídias sociais.
O anúncio da pré-candidatura de Rafsanjani animou o eleitorado reformista. O político de 78 anos é visto como um político pragmático, capaz de lidar tanto com as pressões do Ocidente quanto com as dificuldades internas, em especial a recuperação da economia iraniana, duramente afetada por décadas de sanções e anos de administração precária.
Acredita-se que a exclusão dos dois candidatos abra caminho para presidenciáveis com boas relações com o establishment religioso iraniano na sucessão de Ahmadinejad, que perdeu espaço entre os aiatolás após anos de disputa de poder. Além disso, a medida lança vozes moderadas e de oposição para as margens do processo eleitoral.
A lista oficial de candidatos, anunciada hoje pela televisão estatal iraniana, ocorreu com quase seis horas de atraso. A lista divulgada pelo Conselho dos Guardiães, responsável pela análise das candidaturas, inclui oito políticos de projeção nacional, todos eles considerados leais ao establishment islâmico. Entre esses candidatos figuram o chanceler Ali Akbar Velayati, o prefeito de Teerã Mohammad Bagher Qalibaf e o chefe das negociações nucleares Saeed Jalili.
A expectativa é de que, entre esses candidatos, quem quer que seja eleito não venha a entrar em choque com a cúpula clerical iraniana. Durante os dois mandatos exercidos por Ahmadinejad, a presidência entrou em rota de colisão com os aiatolás em diversas ocasiões, especialmente em relação à agenda diplomática do Irã.
Seja qual for o resultado da eleição, é improvável que a posição iraniana em relação a seu programa nuclear sofra alguma espécie de alteração. O Irã reivindica o direito de manter um programa nuclear com fins pacíficos. No entanto, seus rivais no cenário político externo, especialmente Estados Unidos e Israel, acusam o país de desenvolver em segredo um programa nuclear bélico. As informações são da Associated Press.