O Parlamento do Irã convocou o presidente Mahmoud Ahmadinejad para mais um depoimento nesta quarta-feira, após ele ter sido ter sido questionado em dez pontos sobre o seu governo pelos parlamentares da linha-dura, em uma medida sem precedentes que poderá abrir o caminho para um possível impeachment do mandatário se a maioria do Parlamento não considerar as respostas satisfatórias. Além de desobedecer ao líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, Ahmadinejad foi questionado por supostamente ter fracassado na administração da economia e por desperdiçar fundos do governo. No total, 79 deputados do Parlamento de 290 pediram a convocação do mandatário.

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A convocação de Ahmadinejad ocorre após o Irã ter tido eleições parlamentares, em 2 de março, vencidas em grande parte das províncias pelos ultraconservadores ligados a Khamenei. O presidente ainda tem um ano e meio de mandato, mas aparentemente saiu enfraquecido do sufrágio de 2 de março. Um segundo turno ocorrerá em 25 de abril nos distritos onde os candidatos não obtiveram mais de 25% dos votos.

Ahmadinejad respondeu em um discurso de uma hora, transmitido pela televisão estatal. Não foram feitas perguntas diretas. Ele negou ter desafiado o poder de Khamenei, quando em abril de 2011 demorou 11 dias para reinstaurar no cargo o ministro da Inteligência, Haidar Moslehi, ligado à linha-dura xiita. Ahmadinejad também foi questionado a respeito da dramática alta nos preços, que provocou insatisfação pública, e também por seu suposto fracasso em prover um orçamento para a expansão do Metrô de Teerã. Ele foi acusado de acelerar a adoção de um pacote econômico que cortou subsídios à energia elétrica e à alimentação, o que aumentou os preços para os pobres e a classe média.

Ahmadinejad respondeu que o fim dos subsídios ocorreu por causa das “sanções internacionais” que o Irã sofre por causa do programa nuclear e também da “crise mundial”. Segundo ele, se os deputados tivessem consultado antes o governo, “questões melhores teriam sido elaboradas”. Ahmadinejad parecia sarcástico em alguns momentos e em outros irritado. Os ultraconservadores criticaram muito o presidente após o discurso, ao dizerem que ele usou uma linguagem “inapropriada”. As 10 perguntas foram lidas em bloco, antes do discurso, pelo deputado ultraconservador Ali Motahari, crítico feroz do presidente.

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As informações são da Associated Press e da Dow Jones.