O Irã produzirá por conta própria o urânio enriquecido necessário para o funcionamento de seu reator de pesquisas, se a comunidade internacional não suprir o combustível nuclear, afirmou Ahmad Khatami, um religioso conservador do alto clero iraniano. “É sua obrigação legal suprir o combustível para o reator de Teerã”, disse Khatami, referindo-se à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em discurso proferido durante as celebrações relacionadas ao Eid al-Adha, festa do sacrifício e um dos principais eventos do calendário muçulmano, na Universidade de Teerã, Khatami alertou as potências mundiais que o Irã não será encurralado por ameaças ou influenciado por “propinas” para abandonar seu direito de desenvolvimento de energia nuclear.
O clérigo respondia à resolução da AIEA, que aprovou nesta sexta-feira, em Viena, por ampla maioria, uma resolução condenatória ao Irã. A resolução exige a interrupção imediata da construção de uma nova unidades de enriquecimento de urânio perto da cidade sagrada de Qom. O enriquecimento do urânio é o processo usado para fazer combustível para usinas nucleares, mas também pode ser transformado em um material físsil para utilização em aparatos bélicos e bombas atômicas.
“Se vocês fizessem (a concessão do urânio), a questão estaria encerrada. Se vocês não cooperam, saibam que a nação, que tem o direito a ter acesso a essa tecnologia, vai fornecer o combustível para o reator”, afirmou. Segundo Khatami, a referida resolução é de “natureza totalmente política e não técnica”. “Por isso, o Irã buscará outras opções”, afirmou, sem dar detalhes sobre quais seriam as outras alternativas. (Patricia Lara)