O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, salientou hoje a importância do Brasil na tarefa de comunicar a Teerã a preocupação do Ocidente sobre o programa nuclear iraniano. Mas, acrescentou que essa preocupação persiste, mesmo depois de o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ter declarado que seu país estaria pronto a firmar o acordo.
“O Brasil teve um papel importante em comunicar a preocupação da comunidade internacional sobre seu programa nuclear, principalmente com a falta de transparência, e sobre direitos humanos, não apenas civis e políticos, como também de expressão e de prática religiosa”, afirmou Shannon. “A questão essencial é se o Irã tem o mesmo interesse no diálogo. Até esse momento, parece que não”, completou.
Segundo o embaixador, os EUA mantêm um diálogo intenso com o Brasil e com outros países sobre o Irã, seja dentro do Conselho de Segurança das Nações Unidas ou da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Alegou ainda que, como país soberano, o governo brasileiro não precisa de “nenhuma licença nem permissão” dos Estados Unidos para atuar segundo os interesses nacionais. Para ele, o governo brasileiro está agindo de forma “cooperativa” no Conselho de Segurança, onde detém uma cadeira não-permanente desde 1º de janeiro. “Vamos respeitar a decisão (brasileira)”, afirmou.
Shannon, entretanto, advertiu que, no caso do programa nuclear iraniano, é preciso avaliar a eficácia das iniciativas diplomáticas pelos seus resultados e não pelos processos em curso. Conforme advertiu, será com base nesse padrão que o Conselho de Segurança tomará qualquer decisão sobre o tema – em especial, sobre uma proposta de resolução dos EUA que envolve novas sanções contra o Irã.
Haiti e Venezuela
Shannon esfriou a tensão bilateral gerada pela mobilização americana em socorro ao Haiti. Elogiou a liderança do Brasil e o comando do general Floriano Peixoto na Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti (Minustah).
Mas, ao ser questionado sobre as crises política, econômica e energética da Venezuela, Shannon desferiu uma ligeira provocação ao recomendar ao governo de Hugo Chávez que se abra ao debate com toda a sociedade, como forma de uni-la.