O Irã elogiou hoje o comentário da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, de que não há um prazo final obrigatório para o início de um diálogo nuclear. Ontem, Hillary disse que o governo do presidente Barack Obama permanece aberto as negociações com o Irã, embora vá trabalhar para a aplicação de sanções mais duras se o país do Oriente Médio não responder positivamente. Ela destacou que não há prazo final obrigatório para o Irã.

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O Ministério do Exterior iraniano elogiou o comentário. “Nós compartilhamos da mesma ideia. Prazos finais não fazem sentido. Esperamos que outros países voltem a seu caminho natural também”, afirmou Ramin Mehmanparast, porta-voz da pasta. As declarações foram uma rara resposta positiva dos iranianos a comentários norte-americanos sobre seu programa nuclear.

Os Estados Unidos e outros países ocidentais acusam o Irã de desenvolver armas nucleares. O governo iraniano nega e diz que seu programa tem objetivos pacíficos. O Ocidente se preocupa principalmente com o os altos níveis de enriquecimento de urânio, que pode ser usado para fazer uma bomba atômica. Em níveis mais baixos, o urânio enriquecido é usado na produção de combustível para usinas de geração de energia.

O Irã desconsiderou o final de 2009, o prazo final estabelecido pelo governo Obama e seus parceiros internacionais para que aceitasse um acordo pelo qual trocaria a maior parte de seu urânio enriquecido por combustível nuclear. O acordo reduziria o estoque iraniano de urânio de baixo enriquecimento, limitando, pelo menos temporariamente, sua capacidade de produzir armas nucleares.

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Protestos

Em suas declarações, Hillary também disse que o governo está aterrorizado com as medidas do governo iraniano contra manifestantes nas ruas, descritas por ela como “crescentes sinais de repressão brutal”. Pelo menos oito morreram em confrontos entre forças de segurança e opositores em todo o país no mês passado, dentre elas um sobrinho do líder opositor Mir Hossein Mousavi. Foi a pior demonstração de violência desde o pico das manifestações após a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em junho.

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Mehmanparast rejeitou essas declarações de Hillary. “Os ocidentais seguem aqueles que não representam o povo iraniano”, disse. “Um erro que alguns países ocidentais cometem é que, com intenções políticas, dão apoio ao caos e aos insultos”, afirmou. O Irã geralmente acusa países ocidentais – principalmente os EUA e a Grã-Bretanha – de apoiar as manifestações em Teerã.

No domingo, o ministro de Inteligência do país disse que vários estrangeiros estavam entre os detidos durante os confrontos do mês passado. Mehmanparast não informou sobre a nacionalidade dos detidos e afirmou que a questão será investigada pelas autoridades.

Organizações

O Irã também divulgou uma lista de 62 organizações internacionais que, segundo o governo, estariam planejando uma “revolução branda” ao dar apoio aos opositores. Fazem parte da lista o Open Society Institute, de George Soros; o National Endowment for Democracy, sediado em Washington; o Instituto Republicano Internacional, o Instituto Brookings e a Universidade de Defesa Nacional dos EUA.

A lista também inclui a rede de televisão BBC persa e a Voz da América em farsi, assim como Centro Democrático da Polônia e a instituição britânica Wilton Park. O Ministério de Inteligência afirmou que qualquer ligação com essas organizações é “ilegal”.