O anúncio de que o Irã iniciou hoje a produção de urânio enriquecido a 20% na usina atômica de Natanz leva a “dúvidas” sobre as intenções do país em relação a essa questão, afirmou hoje o chefe do conselho de segurança nacional da Rússia. “O Irã alega que não está tentando adquirir armas nucleares”, lembrou Nikolai Patrushev, em declarações divulgadas por agências de notícias russas. “Mas ações, como começar a enriquecer urânio a 20%, levam a dúvidas em outros países e essas dúvidas são razoavelmente bem fundamentadas.”
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, “acredita que é uma questão de semanas, não de meses” para que sejam aprovadas sanções, afirmou hoje um porta-voz do Pentágono. As declarações foram divulgadas após um encontro, ontem, entre Gates e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em Paris. Ambos concordaram em pressionar por novas sanções “duras” na ONU contra Teerã, disse um funcionário do escritório presidencial francês.
As potências ocidentais desconfiam que o regime islâmico mantenha um programa secreto para a produção de armas, mas o governo iraniano afirma ter apenas fins pacíficos, como a produção de energia. O enriquecimento de urânio é um processo essencial para a geração de combustível utilizado no funcionamento de usinas nucleares. Caso esteja enriquecido a mais de 90%, porém, o urânio pode ser usado em armas atômicas.
China
Diferentemente da postura de EUA e França, a China pediu o prosseguimento do diálogo com o Irã. “Eu espero que as partes envolvidas aumentem seus esforços para avançar nessa questão por meio do diálogo”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em Pequim.
Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu “uma ação dura” para impedir que Teerã consiga armas, com sanções pesadas e de imediata aplicação. Netanyahu qualificou o Irã como “uma ameaça a Israel, à região e ao mundo todo”.
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmed Davutoglu, visitará o Irã na semana que vem para pedir uma solução diplomática no caso, segundo um diplomata turco. Davutoglu planeja se reunir com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e com o chanceler do país, Manouchehr Mottaki. O ministro turco disse acreditar que “ainda há uma possibilidade importante” de se chegar a um acordo. As informações são da Dow Jones.