Irã: Aiatolá apoia, mas não acredita em negociações

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, manifestou nesta segunda-feira sua crença em que as negociações entre seu país e um grupo de potências internacionais “não levarão a lugar nenhum”, mas ainda assim apoia a busca do atual governo por uma solução negociada. Ele assegurou ainda que o Irã não violará seus compromissos, mas voltou a acusar os Estados Unidos de se comportarem de maneira hostil em relação a seu país.

Na avaliação de Khamenei, os EUA usam as negociações como uma desculpa para pressionar Teerã e, se um dia esse impasse for eventualmente superado, Washington irá atrás de outra justificativa para manter a república islâmica sob pressão.

A declaração vem à tona na véspera da próxima rodada de diálogo entre o Irã e o grupo de potências formado por Alemanha, China, EUA, França, Reino Unido e Rússia sobre os rumos do programa nuclear iraniano.

“Diversos integrantes do governo anterior e vários funcionários do governo atual acreditam que o problema será solucionado se eles negociarem a questão nuclear”, declarou o aiatolá em comentários publicados em sua página na internet.

“Repito uma vez mais que não estou otimista quanto às negociações e acredito que elas não levarão a lugar nenhum, mas não me oponho ao diálogo”, prosseguiu o líder supremo iraniano.

“A questão nuclear, porém, é só uma desculpa. Mesmo que algum dia, contra todas as probabilidades, essa questão seja solucionada com base nas expectativas dos norte-americanos, então eles irão atrás de outra justificativa” para manter a pressão sobre o Irã, acusou Khamenei.

O Irã interrompeu em 20 de janeiro a produção de urânio enriquecido a 20% e começou a neutralizar seus estoques. Em contrapartida, os EUA e a União Europeia (UE) aliviaram parcialmente as sanções ao Irã.

Tais ações deram início a um prazo de seis meses durante os quais o Irã e o grupo de potências buscarão um acordo definitivo sobre os rumos do programa nuclear iraniano. A nova fase de negociações terá sua primeira rodada amanhã em Viena. Fontes: Dow Jones Newswires e Associated Press.

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