O Irã acusou hoje os Estados Unidos de envolvimento no sumiço do cientista nuclear Shahram Amiri durante uma peregrinação na Arábia Saudita. Segundo informações de fontes não oficiais, Amiri trabalhava no programa nuclear iraniano, e há especulações na imprensa do Irã de que ele teria transmitido informações sigilosas ao Ocidente.
O ministro de Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki, disse hoje que Amiri foi detido, e acusou os EUA de participação na prisão. “Nós obtivemos documentos sobre o envolvimento dos Estados Unidos no desaparecimento de Amiri”, disse Mottaki segundo a agência de notícias iraniana Isna.
Amiri desapareceu há mais de quatro meses, e a Arábia Saudita não respondeu aos pedidos de informação, disseram funcionários iranianos. O fato ocorreu meses antes da revelação de uma segunda instalação de enriquecimento de urânio perto da cidade de Qom. Os Estados Unidos acusam o Irã de construir o complexo em segredo, mas Teerã nega.
Isso aumentou a especulação de que Amiri pode ter passado para o Ocidente informações sobre o programa nuclear iraniano. Amiri trabalhava como pesquisador da Universidade Malek Ashtar, em Teerã, que, se suspeita, seja administrada pela poderosa Guarda Revolucionária. A universidade já foi citada pela Organização das Nações Unidas (ONU) por seus experimentos ligados ao programa nuclear.
Parentes disseram a meios de comunicação iranianos que Amiri pesquisava o uso de tecnologia nuclear na medicina e que não estava envolvido de forma ampla com o programa nuclear. Um site iraniano, porém, afirma que Amiri trabalhou na instalação de Qom e que desertou na Arábia Saudita. O site Jahannews, ligado a iranianos conservadores, não forneceu a fonte das informações.
A mulher de Amiri e outros parentes fizeram manifestações nas últimas semanas em frente à embaixada saudita em Teerã, exigindo informações sobre seu paradeiro. Sua mulher disse que ele viajou para a Arábia Saudita no dia 31 de maio para a Omra, uma peregrinação islâmica, e que ela falou com ele pela última vez no dia 3, por telefone, segundo a agência Isna.