Investigadores de crimes de guerra que estão coletando evidências da elaborada operação do grupo Estado Islâmico para sequestrar mulheres como escravas sexuais dizem que há provas suficientes para processar líderes do grupo extremista por crimes contra a humanidade. Apesar disso, eles afirmam que a falta de apoio de lideranças globais impede que os presos já capturados sejam levados à Justiça.

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Dois anos depois das primeiras investidas do Estado Islâmico no norte do Iraque, os investigadores e diplomatas dos Estados Unidos disseram que o governo de Barack Obama havia feito pouco para denunciar e processar os crimes que o secretário de Estado John Kerry chamou de genocídio. Autoridades que estiveram e estão hoje no Departamento de Estado afirmam que uma tentativa ao final de 2014 de denúncia por genocídio foi impedida.

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“O Ocidente busca nos Estados Unidos a liderança no Oriente Médio e o foco dessa gestão está em outro lugar”, criticou Bill Wiley, chefe do grupo de investigação independente Comissão para Justiça Internacional e Responsabilidade.

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Autoridades em Washington afirmam que o Departamento de Defesa e, em ultima instância, o governo como um todo, se preocupa com a possibilidade de que processos judiciais poderiam tirar a atenção da campanha militar. Apesar disso, diplomatas afirmam que a Justiça é essencial numa região em que minorias religiosas têm sofrido com o terror. As fontes falaram sobre condição de anonimato porque não estavam autorizadas a discutir o assunto.

Stephen Rapp, que deixou o cargo de embaixador em grande parte por conta dos crimes de guerra no ano passado, afirmou que o governo norte-americano deveria agir mais rápido para ajudar a guardar evidências das atrocidades do Estado Islâmico. Ele defende a criação de cortes especiais no Iraque para julgar os crimes de guerra.

“A prioridade para o governo dos Estados Unidos é vencer a guerra e destruir o Estado Islâmico”, afirmou Rapp. “É algo altamente desapontador porque a ideia de responsabilização tem tido pouca prioridade”, acrescentou.

Embora haja pelo menos alguma dezenas de extremistas do Estado Islâmico sob custódia no Iraque, não houve acusação formal pelos crimes contra a humanidade. Uma medida no Congresso norte-americano que pede que os Estados Unidos financiem justamente o tipo de corte desejada pelos investigadores independentes não tem grandes chances de avançar no curto prazo, em razão da proximidade das eleições no país. Os investigadores calculam que precisariam de cerca de US$ 6,6 milhões e de cerca de seis meses para iniciarem os julgamentos. Fonte: Associated Press.