Investigações do FBI apontam mais dinheiro ilegal no caso da maleta

As relações entre a Argentina e os Estados Unidos não poderiam estar mais azedas e a Venezuela está cada vez mais envolvida com dinheiro ilegal, segundo as investigações do FBI no "caso da maleta". O governo da Venezuela teria enviado mais dinheiro ilegal à Argentina antes da descoberta de que o empresário americano-venezuelano Guido Antonini Wilson tentava entrar no país com quase US$ 800 mil, supostamente para a campanha de Cristina Fernández de Kirchner, em 4 de agosto passado. A revelação foi feita por uma das gravações dos envolvidos no caso da maleta em poder do FBI e da Justiça Federal, segundo informações do jornal norte-americano The Miami Herald.

Um dos quatro acusados afirma nessas gravações que houve mais maletas com dinheiro de Caracas para Buenos Aires, embora não tenha precisado o montante. Os acusados, três venezuelanos e um uruguaio, são sócios de Antonini Wilson, e foram presos na semana passada em Miami, onde vivem. O promotor norte-americano Tom Mulvihill pretender apresentar ao juiz as provas contra o empresário uruguaio Wanseele Paciello, para evitar que a Justiça lhe conceda a liberdade sob fiança, como havia solicitado ontem.

A cada divulgação do andamento das investigações americanas sobre o caso, mais complicada fica a situação entre os governos de ambos os países. Washington já analisa convocar seu embaixador na Argentina, Earl A. Wayne, para avaliar, junto com o Departamento de Estado, a relação que se deteriorou em apenas uma semana, segundo fonte da embaixada em Buenos Aires. O embaixador Wayne foi "convidado" pelo chanceler Jorge Taiana para uma reunião ontem à noite, na qual o funcionário argentino reclamou que os Estados Unidos "nos ofendeu de maneira surpreendente e injusta".

Taiana manifestou o "desagrado e o mal-estar" do governo argentino pelas revelações americanas que vinculam o dinheiro ilegal venezuelano à campanha eleitoral da então candidata presidencial Cristina Férnandez de Kirchner. "Não tem cabimento algum a idéia de que a campanha presidencial pudesse ter sido financiada mediante o recurso de procedimentos desta natureza", disse o chanceler ao embaixador. Taiana também insistiu na extradição de Wilson. Na embaixada americana, por sua vez, a declaração já é repetitiva: "nossa relação bilateral é importante para nossos dois governos e povos e há em curso muitas e valiosas atividades que beneficiam ambos os países".

Proteção

O chefe de Gabinete da Presidência, Alberto Fernández, criticou a proteção que os Estados Unidos estão dando ao portador da famosa maleta, Antonini Wilson. "Por causas confusas convertem o principal acusado em uma vítima de extorsão", afirmou, em referência ao acordo que Wilson fez com o FBI para conseguir uma confissão deles e facilitar a prisão de seus amigos. "Dificilmente os Estados Unidos vão conceder sua extradição", opinou Fernández reiterando que o dinheiro "não era para a campanha presidencial".

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