A Índia enforcou hoje um militante da Caxemira pelo ataque à sede do Parlamento do país em 2001, causando conflitos na Caxemira entre centenas de manifestantes e policiais que usavam cassetetes e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. O presidente Pranab Mukherjee rejeitou um pedido de clemência para Mohammad Afzal Guru e ele foi enforcado durante a madrugada na prisão Tihar, na capital Nova Délhi. Prevendo agitação, as forças de segurança impuseram um toque de recolher em partes da Caxemira.
Os protestos explodiram neste sábado em pelo menos quatro partes da Caxemira indiana, incluindo a cidade de Sopore, onde Afizal Guro nasceu. Ao coro de “queremos liberdade” e “abaixo a Índia”, manifestantes entraram em conflito com policiais e tropas paramilitares, que abriram fogo. Quatro manifestantes foram atingidos, um deles está em condições críticas, informou um policial em condição de anonimato.
Em 13 de dezembro de 2001, cinco homens armados invadiram o Parlamento matando 14 pessoas. A Índia responsabilizou os grupos de rebeldes paquistaneses Lashkar-e-Taiba e Jaish-e-Mohammed pelo incidente. O governo acusou Afizal Guru de fazer parte do Jaish-e-Mohammed, que enfrenta a administração indiana na região dividida da Caxemira, o que foi negado por ele.
Afizal Guro espera pela morte desde que foi condenado em 2001. Apelações subsequentes nas altas cortes foram rejeitadas, e a Suprema Corte da Índia ordenou sua execução em outubro de 2006. Mas a execução foi adiada após sua esposa ter preenchido um pedido de clemência ao presidente. Esse pedido, o último passo no processo judicial, foi negado no começo desta semana. Vários grupos de direitos humanos na Índia e grupos políticos na Caxemira disseram de Afizal Guro não teve um julgamento justo.
Afizal Guro confessou em entrevistas na TV que ajudou a planejar o ataque e mais tarde, no entanto, ele negou qualquer envolvimento e disse que foi torturado para confessar.
O sentimento contra a Índia se aprofunda entre a maioria muçulmana na Caxemira, que está dividida entre a parte dominada pelos hindus e a maioria muçulmana paquistanesa, mas é reivindicada pelas duas nações.
Desde 1989, uma rebelião armada na Caxemira controlada pelos indianos e a perseguição severa já deixou cerca de 68 mil pessoas mortas, a maioria civis.
A família de Guru afirmou que não foi informada que ele seria executado. “O governo indiano funcionou novamente como um Estado fascista ao agir secretamente,” afirmou Yasin Guru, parente que vive próxima à família em Sopore. “Eles não tiveram a cortesia de informar a família.” As informações são da Associated Press.