Inclusão social nas piscinas de Curitiba

No esporte, não há espaço para preconceitos e um grupo de nadadores especiais é a prova disso. Portadores de deficiência visual, eles superam as dificuldades de viver em um mundo sem imagens e aprendem todas as modalidades de nados, através de um programa desenvolvido pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer e pelo Centro Universitário Positivo (UnicenP). Alguns não se contentam apenas com a prática esportiva e também participam de competições.

?Eu ganhei duas medalhas de ouro no último campeonato brasileiro?, diz a nadadora Sandra França, de 32 anos, da categoria B2 – ela tem aproximadamente 10% de visão. Ela se encantou pela natação há três anos e nunca mais parou. Nadando duas vezes por semana, ela conta que superou as dificuldades aos poucos. ?Nós não podemos ver como se nada cada estilo. Então contamos com a atenção dos professores, que usam a fala e o tato para nos ensinar?, explica. A colega de piscina de Sandra, Margareth Brazil, diz que o método funciona, apesar de eles demorarem um pouco mais para aprender. ?Eu tenho alguma dificuldade no nado peito, por exemplo. Quando a gente não vê, tem que se concentrar ainda mais para aprender passo a passo.?

O estudante Eduardo Skalski Bilik, que trabalha com os deficientes, diz que eles são muito esforçados e que aprendem rápido. ?O que difere em relação aos alunos que enxergam é a necessidade de um contato físico maior. Temos que mostrar os movimentos com as mãos.?

Tirando a metodologia do ensino, não há nenhum equipamento especial utilizado para os deficientes visuais, como sensores nas bordas das piscinas. ?Eles têm um senso de espaço muito aguçado e logo gravam as dimensões da piscina. Só em competições que é necessário que um assistente toque o nadador quando ele está chegando próximo à borda?, explica o coordenador do projeto, Paulo César Bento.

Ele conta que a natação para os deficientes visuais foi uma extensão de um programa que já existe no UnicenP desde 2001, que abre espaço para a comunidade utilizar as dependências da universidade para a prática esportiva. ?Atingíamos crianças e idosos. Depois estendemos aos deficientes visuais.?

Além de promover inclusão social através da prática esportiva, o programa – que atinge pessoas de 11 a 32 anos – serve como lição para os alunos de Educação Física da faculdade. ?Eles aplicam na prática o que aprendem em uma disciplina do segundo ano, que trata das pessoas especiais.?

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