Um incêndio foi registrado neste domingo em um depósito de Bagdá que armazena urnas e equipamento de votação, no que alguns legisladores disseram ser um ato intencional com o objetivo de frustrar uma recontagem manual dos votos de uma eleição já questionada por alegações de fraude.

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O porta-voz do Ministério do Interior, Saad Maan, disse que o fogo começou em um dos quatro armazéns contendo urnas, documentos e equipamentos pertencentes à Comissão Eleitoral Independente, que organizou a votação em 12 de maio. Veículos do Exército transportaram as urnas que resistiram ao incêndio para um local seguro enquanto os bombeiros ainda trabalhavam no rescaldo. “A maioria das urnas estava nos três armazéns adjacentes que não foram queimados”, disse Maan a jornalistas.

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O incêndio começou horas depois de o Supremo Conselho Judicial do Iraque ter nomeado uma comissão de juízes para supervisionar uma recontagem manual, substituindo a comissão eleitoral, que os políticos acusaram de falhar em seu dever de realizar uma eleição justa. Os resultados demoraram quase uma semana para serem anunciados depois do encerramento da votação, apesar das urnas de votação eletrônicas terem sido introduzidas para acelerar o processo. Houve alegações generalizadas de que os dispositivos foram adulterados.

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Saeed Kakei, membro da comissão, disse que o incêndio pareceu ser intencional e indicou grandes violações. Segundo ele, “alguns indivíduos não querem que uma recontagem manual aconteça”, disse.

A extensão do incêndio estava sendo avaliada no fim deste domingo. Mesmo que a maioria das cédulas tenha resistido, danos ao equipamento e documentação também podem impedir a recontagem de cerca de 12 milhões de votos.

O presidente do Parlamento, Salim al-Juboori, que perdeu seu assento na eleição e liderou a pressão por uma recontagem, pediu que as eleições sejam realizadas novamente após o incêndio.

O incidente aprofundou a instabilidade política no país, apenas alguns meses depois que o Iraque parecia recuperar o equilíbrio ao derrotar o grupo extremista Estado Islâmico.

O clérigo antiamericano Moqtada al-Sadr venceu a eleição do mês passado, que registrou o mais baixo comparecimento desde que o país se tornou uma democracia, há 15 anos. Apesar de mais de 55% dos eleitores terem ficado em casa, o séquito de seguidores do clérigo acabou por dar uma vitória surpresa a Sadr.

Fonte: Dow Jones Newswires