O terremoto de 7 graus na escala Richter que abalou o Haiti há exatos dois anos e deixou mais de 300 mil pessoas desabrigadas originou um fenômeno de imigração em massa ao Brasil que pode ser comparado aos êxodos do início do século XX.
O Ministério da Justiça calcula que, nestes dois anos, cerca de quatro mil haitianos tenham cruzado a fronteira de países vizinhos ao Brasil e alcançado municípios dos estados do Acre e do Amazonas.
Segundo o Itamaraty, essa situação só é comparada historicamente à imigração de italianos e japoneses, que aportaram no país ainda no período imperial e nos primeiros anos da República.
Hoje, o Conselho Nacional de Imigração (CNIg), vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, deve acatar a proposta do Palácio do Planalto de regularizar a situação dos haitianos que já cruzaram a fronteira e impor limites ao movimento demográfico.
Entre as determinações que podem ser aprovadas na reunião dos conselheiros desta tarde está a adoção de um limite de concessão de até 100 vistos condicionados — que permitem ao imigrante provar vínculo trabalhista no Brasil em um prazo de cinco anos — por mês por parte da embaixada brasileira no Haiti aos haitianos que ainda pretendem vir ao país.
O critério para a concessão dos vistos deve ser determinado pelo Itamaraty, segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O Ministério das Relações Exteriores, no entanto, preferiu não comentar sobre as diretrizes antes de ser divulgado o resultado da reunião do CNIg.
O conselho também deverá regularizar a situação de todos os quatro mil haitianos que já cruzaram a fronteira. Destes, 116 mil estão com sua situação regularizada.
De acordo com o Ministério da Justiça, em 2011, foram concedidas 1.323 autorizações de residência em caráter humanitário para haitianos.
Segundo o Itamaraty, o governo ainda não possui estatísticas sobre qual ramo a população haitiana imigrante tem vindo trabalhar, nem para quais cidades tem se dirigido após ultrapassar a fronteira e conseguir uma autorização da Polícia Federal.