Três igrejas na Malásia foram atacadas hoje com bombas incendiárias, e um dos templos foi bastante danificado. O país vive uma tensão entre católicos e muçulmanos extremistas por causa de uma decisão da Suprema Corte. O órgão suspendeu uma medida que proibia os católicos de usarem a palavra “Alá” como tradução para “Deus” na edição em língua malaia do principal jornal católico, o Herald.

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“O Islã está acima de tudo. Cada cidadão deve respeitar isso”, disse Ahmad Johari, que participou das orações muçulmanas de hoje na Mesquita Nacional. “Eu espero que o tribunal compreenda o sentimento da maioria dos muçulmanos da Malásia. Nós podemos lutar até a morte por causa dessa questão”.

No primeiro ataque, o escritório localizado no térreo do prédio de três andares da Metro Tabernacle Church foi destruído por um incêndio iniciado por uma bomba jogada por agressores que estavam numa motocicleta, logo depois da meia-noite. As áreas de oração, nos andares superiores não foram atingidas e não houve feridos.

Duas outras igrejas foram atacadas horas mais tarde. Numa delas, houve pequenos danos e a outra nada foi danificado. Ninguém foi detido.

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O primeiro-ministro, Najib Razak, condenou os ataques contra as igrejas, que aconteceram antes do amanhecer em diferentes subúrbios de Kuala Lumpur. Ele disse que o governo vai “tomar todas as medidas necessárias para evitar tais ataques”.

Muçulmanos

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Os muçulmanos são 60% da população da Malásia e boa parte está insatisfeita com a decisão da Justiça. Muitos dizem que o uso da palavra por integrantes de outras religiões confunde as pessoas, incitando-as a se converter aos cristianismo.

Durante as orações de hoje nas duas principais mesquitas do centro de Kuala Lumpur, fiéis carregavam faixas e fizeram discursos rígidos, prometendo defender o Islã.

“Não vamos permitir que a palavra Alá seja escrita em suas igrejas”, gritou um jovem num alto-falante na mesquita Kampung Bahru. Cerca de 50 pessoas carregavam faixas nas quais se lia “A heresia aflora de palavras usadas erradamente” e “Alá é apenas para nós”.

 

As manifestações foram realizadas dentro das instalações da mesquita por causa de uma ordem policial que proíbe protestos nas ruas. Após a manifestação, os participantes se dispersaram pacificamente.

Os leitores do Herakd, cristãos das tribos de Sabah e Sarawak que falam apenas malaio, sempre se referiram a Deus como “Alá”, uma palavra árabe usada não apenas por muçulmanos, mas também por cristãos em países de maioria muçulmana como Egito, Síria e Indonésia.