A Igreja Católica divulgou hoje os nomes de seis presos políticos que serão transferidos para prisões mais próximas de suas famílias, no primeiro passo de um processo com que o governo cubano se comprometeu e que será concluído com a libertação de dissidentes. “O cardeal Jaime Ortega, arcebispo de Havana, foi informado pelas autoridades de que nas próximas horas serão transferidos seis prisioneiros para suas províncias de origem”, afirmou a Igreja em comunicado. Segundo a entidade, os dissidentes que serão transferidos de prisão são Nelson Molinet, Claro Sánchez, José Daniel Ferrer, Marcelo Cano, Angel Moya e Luis Ferrer.
Os familiares também aguardam com expectativa a libertação de pelo menos cinco dos dissidentes presos, cujas identidades ainda não são conhecidas, e que devem viajar para a Espanha nas próximas horas. “Tenho esperanças”, comentou Lidia Lima, casada com Arnaldo Ramos, sentenciado a 18 anos de prisão e um dos mais velhos entre os encarcerados em 2003. “O problema é que nem meu esposo nem eu queremos viver fora (do país), isso me deixa muito angustiada”, disse Lima. “Toda a vida dissemos que não sairíamos de Cuba, assim não acredito que ele estará entre os cinco primeiros anunciados.”
A Igreja indicou na véspera que os primeiros cinco viajarão para a Espanha, mas não ficou claro se os outros 47 soltos sairão do país obrigatoriamente. Consultado por jornalistas, o cardeal Ortega disse que os presos terão a opção de ficar ou viajar. Os 52 presos formam parte do “Grupo dos 75”, presos e posteriormente julgados em 2003 sob a acusação de receber dinheiro e orientação do governo dos Estados Unidos e seus aliados para destruir a revolução comunista na ilha.
Em uma segunda etapa, ficarão em liberdade os 47 presos restantes, incluindo os inicialmente transferidos nos próximos três ou quatro meses, indicou a Igreja. Vinte integrantes do “Grupo dos 75” já foram soltos por razões de saúde, nos últimos sete anos. O compromisso do governo cubano foi anunciado na véspera, em reunião entre o presidente Raúl Castro, o chanceler espanhol Miguel Ángel Moratinos e o cardeal Ortega.
A Igreja negociou com as autoridades a transferência dos presos para prisões mais próximas de suas famílias. Um encontro entre Castro e o cardeal Ortega, em 19 de maio, resultou na liberação, em meados de junho, de Ariel Sigler, que estava enfermo, e na transferência de 12 presos.