A Igreja católica e grande parte da oposição política uruguaia saíram ao ataque contra um projeto de lei governista que permite que casais homossexuais adotem crianças.
Consultado no domingo (23) durante a celebração da Páscoa, o arcebispo de Montevidéu, monsenhor Nicolás Cotugno, disse que "sob a perspectiva da razão e da fé católica" desaprova o projeto. Desde o ano passado, a união civil entre homossexuais é permitida no Uruguai.
"A lei possibilita que os adotantes não sejam necessariamente casados" e também "podem ser pessoas solteiras ou concubinatos estáveis, incluindo casais homossexuais", explicou o diretor do Instituto da Criança, Víctor Giorgi. Dirigentes da oposição, entre eles o líder blanco (Partido Nacional) Jorge Larrañaga, uniram-se aos católicos. Ele disse que, apesar de não ter conhecimento do projeto, "em princípio, temos uma aproximação negativa".
O senador blanco Francisco Gallinal rechaçou a idéia porque, segundo ele, "não coincide com a definição de Família da Constituição, nem com os costumes". O deputado do Partido Colorado Washington Abdala concordou com o projeto: "Não se pode ter tantos preconceitos e nos casos de crianças abandonadas ou não adotadas é sempre melhor que cresçam com gente que lhes dê amor", disse o jornal Ultimas Noticias.
A diretora da organização Mulher e Saúde, Lilián Abracinskas, expressou seu apoio à iniciativa, dizendo que "os direitos reprodutivos não têm nada a ver com a orientação sexual". "Muita gente considera que a família tradicional é a condição ideal para criar uma criança, mas os fatos demonstram o contrário", já que a "família nuclear representa hoje apenas 30% das famílias", disse. O projeto foi apresentado em 2006 pela bancada governista e sua aprovação foi fixada como uma das prioridades para este ano.