O Iêmen enviou centenas de soldados adicionais para duas províncias montanhosas do leste do país, onde a organização terrorista Al-Qaeda mantém suas mais importantes posições. Acredita-se que o jovem que tentou explodir um avião no dia de Natal, nos Estados Unidos, tenha visitado esses locais. Os reforços, que aumentam a presença militar na região onde o governo tem pouco controle, são a última ação do governo iemenita em sua campanha de combate à Al-Qaeda.
Este ano, os EUA planejam mais que dobrar sua ajuda de combate ao terrorismo ao pobre e fragmentado país africano. O general David Petraeus, que coordena as guerras no Iraque e no Afeganistão e que anunciou o aumento da ajuda, chegou ao Iêmen hoje e se reuniu com o presidente presidente Ali Abdullah Saleh.
O combate ao braço da Al-Qaeda no Iêmen ganhou mais urgência após o atentado fracassado no Natal, contra um avião norte-americano que pousou em Detroit. Hoje, o presidente Barack Obama disse que o braço da Al-Qaeda no Iêmen está por trás do ataque. O nigeriano de 23 anos acusado pelo atentado, Umar Farouk Abdulmutallab, disse aos investigadores que recebeu treinamento e instruções de integrantes da Al-Qaeda no Iêmen.
Agora, os EUA tentam descobrir os passos de Abdulmutallab no Iêmen, onde ele esteve de agosto a 5 de dezembro. Aparentemente, o nigeriano foi ao país para estudar árabe em Sanaa, mas seu paradeiro é desconhecido na maior parte do período.
Funcionários de segurança iemenitas disseram que Abdulmutallab pode ter viajado para as províncias de Marib ou Jouf – áreas afastadas e montanhosas ao leste da capital, onde a presença da Al-Qaeda é mais forte. De acordo com o ministro de Informação do Iêmen, Hassan al-Louzi, os movimentos de Abdulmutallab estão sendo investigados. “Estamos tentando descobrir onde ele foi e com quem se encontrou”, afirmou.
As autoridades de segurança também disseram que, durante sua estada no Iêmen, Abdulmutallab pode ter estado em contado com o clérigo radical Anwar al-Awlaqi. Escondido no Iêmen, al-Awlaqi é um pregador popular entre os simpatizantes da Al-Qaeda, conclamando os muçulmanos a lutar a jihad (guerra santa) contra o Ocidente. Al-Awlaqi trocou dezenas de e-mails com o major norte-americano Nidal Malik Hasan, o atirador que, em 5 de novembro, fez diversos disparos em Fort Hood, no Texas, matando 13 pessoas.
Marib e Jouf
Ontem, o exército iemenita enviou centenas de soldados extras para as províncias de Marib e Jouf, conforme autoridades do país. Nos últimos meses, a Al-Qaeda matou vários funcionários de segurança nessas províncias, o que revela a falta de controle sobre a região. No local, as tribos têm forte influência e muitas não têm ligação com o governo central, dando abrigo a combatentes da Al-Qaeda, tanto iemenitas quando de outros países árabes, vindos da Arábia Saudita e de zonas de guerra como Iraque e Afeganistão.
No mês passado, o Iêmen realizou uma série de ataques aéreos contra esconderijos da Al-Qaeda em províncias próximas. Os ataques foram os mais pesados realizados pelo Iêmen nos últimos anos e tiveram como alvo importantes líderes da rede de terrorismo. A campanha, no entanto, ainda não havia chegado à Marib e Jouf.
Conferência
Hoje, o Iêmen também saudou o pedido do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, para a realização de uma conferência internacional no dia 28 de janeiro. O objetivo é desenvolver formas para conter a radicalização no país, o mais pobre do mundo árabe. Brown disse esperar que a reunião coordene os esforços de doadores para ajudar o governo o Iêmen a identificar as necessidades para combater o terrorismo.
O ministro de Informação iemenita disse que o país será “um participante ativo” da conferência. Segundo ele, a reunião deve abranger “todos os aspectos” da questão do terrorismo, incluindo a pobreza e o desemprego que, segundo autoridades, alimenta a expansão da Al-Qaeda no Iêmen. “Quem quer que queira construir a estabilidade, a democracia e os valores modernos no Iêmen precisa ajudá-lo. E não apenas em questões de segurança, mas também de desenvolvimento”, disse al-Louzi. “Os problemas mais importantes do Iêmen têm raiz na economia.”