Leio, do Mahatma Gandhi, um pensamento famoso: ?Há dois tipos de pessoas: as que fazem as coisas e as que ficam com os louros. Procuro ficar sempre no primeiro grupo?.
Com palavras diferentes na forma, mas idênticas na substância, já haviam dito o mesmo, entre outros, La Rochefoucauld, Voltaire, La Bruyère e Bernard Shaw. Fenômeno que ocorre, aliás, com aforismos, máximas e epigramas, que muitas vezes se repetem ao longo dos séculos, a ponto de ficar obscurecida a real paternidade de certos pensamentos admiráveis. Como não existe, por enquanto, um DNA literário…
Eu próprio, do fundo da minha insignificância pensante, ouso ?bolar? um pensamento similar. Ei-lo: é muito bom conquistar honrarias, distinções, láureas, galardões, troféus. Mas é bem melhor não conquistá-los – mas merecê-los.
Aliás, sobre as honras de qualquer natureza que possam ser obtidas por ?esse bicho da terra tão pequeno?, ninguém disse mais e melhor do que Camões, em dois versos simplesmente emblemáticos:
Melhor é merecê-las, sem as ter, do que ganhá-las, sem as merecer.
O resto é silêncio, como diria o bardo de Stratford-on-Avon, que também escreveu algo apontando na mesma direção. A direção da verdade.