O governo interino de Honduras anunciou que o país sobreviverá à suspensão da ajuda norte-americana, embora ela vá afetar milhares de camponeses e obras de infraestrutura. “Precisamos da comunidade internacional, mas Honduras é um país com dignidade, que vive em liberdade e democracia. Sobreviveremos, e esta será a oportunidade de termos a verdadeira independência econômica do país”, disse hoje a ministra de Finanças, Gabriela Núñez. O corte feito por Washington tem o objetivo de pressionar Honduras a aceitar a volta do presidente deposto, Manuel Zelaya, antes das eleições programadas para novembro.
A assistência de US$ 260 milhões em cinco anos, que terminaria em 2010, vem do programa Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, criados em janeiro de 2004 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os fundos seriam utilizados para a construção de rodovias e crédito a 34 mil pequenos agricultores hondurenhos. Gabriela disse que os recursos pendentes para o restante do ano somam US$ 28 milhões, mas que já foram realizados investimentos de US$ 98 milhões este ano. Outros US$ 90 milhões ficam em suspenso juntamente com US$ 18 milhões em assistência militar, congelados em julho.
Em Viña del Mar, no Chile, a ministra de Finanças de Zelaya, Rebeca Santos, disse que outros cinco organismos de crédito internacional poderiam seguir Washington e cortar o auxílio a Honduras. O escritório do Objetivos de Desenvolvimento do Milênio disse em comunicado ignorar o impacto da determinação norte-americana no país. Mas advertiu que haveria a perda de pelo menos 60 mil empregos diretos na agricultura e que 200 mil beneficiários diretos das obras viárias rurais seriam prejudicados.