Honduras demite chefe da migração que deportou cônsul

O governo de Honduras destituiu, na sexta-feira, o chefe de migração do país, general Nelson Willy Mejía, por este impedir a entrada em Honduras e deportar a cônsul do Brasil em Porto Príncipe. “Se destituiu de imediato esse funcionário público por haver dado um trato indigno a uma diplomata”, afirmou em entrevista coletiva o ministro de Governo e Justiça (Interior), Africo Madrid. O Escritório de Migração é subordinado a esse ministério. “O novo governo (do presidente Porfirio Lobo, que assumiu na quarta-feira) já se desculpou com o Brasil”, acrescentou Madrid.

O ministro informou que a cônsul brasileira Francisca Francinete de Melo “chegou na sexta-feira em um voo comercial ao aeroporto (internacional) de Tegucigalpa, procedente de Miami e funcionários da migração não a deixaram entrar e mandaram-na de volta para os Estados Unidos”.

Madrid disse que investiga as razões da decisão de Mejía, após afirmar que “essa medida poderia pôr em aperto a política e a posição internacional de Honduras”.

O ministro disse que aparentemente o governo de facto do presidente Roberto Micheletti teria dado essas instruções ao Escritório de Migração. “Já o chanceler (Mario Canahuati) expressou suas mais sinceras desculpas ao povo e ao governo do Brasil, e à comunidade internacional por este incidente”, disse Madrid.

Por outro lado, o porta-voz presidencial Vladimir Baca disse que “a diplomata do Brasil foi para Miami em outro voo comercial. Esperamos que volte rápido a Honduras”.

Madrid explicou que Mejía ocupava o cargo “desde o governo anterior” de Micheletti. Na próxima semana, será anunciado seu substituto.

Micheletti rompeu relações com o Brasil após o presidente deposto Manuel Zelaya se refugiar na embaixada brasileira em Tegucigalpa, em 21 de setembro passado, após retornar em segredo ao país. Zelaya foi derrubado em um golpe em 28 de junho e enviado para a Costa Rica. Com um salvo-conduto, Zelaya viajou no dia 27 para a República Dominicana, encerrando o impasse.

Lobo trabalha agora para que Honduras seja aceita novamente na Organização dos Estados Americanos (OEA), entidade da qual o país foi expulso após o golpe de Estado.

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