Joseph Ratzinger, que chega nesta terça-feira (15) em visita aos Estados Unidos pela primeira vez como Papa, volta a um país que conhece muito bem.
Ainda como cardeal, o religioso alemão formou uma grande rede de amizades durante as cinco viagens que fez enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, mas também ganhou inimigos. Não só teólogos norte-americanos chegaram a criticar o então cardeal, nas décadas de 80 e 90, mas também grupos da sociedade norte-americana saíram às ruas contra Ratzinger.
Em 1988, algumas organizações gays de Nova York fizeram piquetes na igreja luterana de St. Peter, onde Ratzinger foi convidado a discursar. Os ativistas protestavam contra suas posições conservadoras sobre a homossexualidade, que, segundo a congregação do Papa, representa uma tendência de "um mal moral".
Nessa mesma visita, um grupo de rabinos esnobou publicamente o encontro de Ratzinger com a comunidade judia, organizado por John O’Connor, arcebispo de Nova York na época. A crítica veio após algumas declarações do então cardeal sobre o diálogo entre católicos e judeus.
Por outro lado, o papa solidificou uma boa relação entre a Santa Sé e os bispos norte-americanos, além de fazer amizades importantes. Uma delas foi a do então arcebispo William Levada, hoje sucessor de Bento XVI na Congregação para a Doutrina da Fé e de quem foi hóspede em outra viagem, dessa vez a San Francisco (Califórnia), em 1999.
A primeira visita de Bento XVI ao país aconteceu em 1984, quando foi a Dallas e Minneapolis para falar de moral e pesquisas científicas. Já nesta época, Ratzinger ficou conhecido por suas posições conservadoras.
Dois anos depois da visita a Nova York, o religioso foi a Filadélfia e Washington, em 1990, para falar do Instituto João Paulo II para os Estudos sobre o Casamento e a Família, quando atacou a "cultura da morte" — temas retomados um ano depois, em outra visita a Dallas.
Na visita de 1999, quando parecia já prever seu futuro papado, Ratzinger criticou o ceticismo e o relativismo difusos pelo mundo, elogiando João Paulo II por desafiar a humanidade na tentativa de redescobrir a verdade e a fé.
"Voltamos a usar a razão na aventura da busca pela verdade. O homem não está perdido em uma sala de espelhos das interpretações, mas deve se perguntar quem é verdadeiramente e o que está fazendo. Deve se perguntar se existe um Deus, quem é Deus e o que é o mundo", foi a mensagem de Ratzinger aos norte-americanos na época.
