O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, atacou hoje a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton dizendo que ela espalhou “mentiras” contra a República Islâmica durante sua viagem pelo Golfo Pérsico. “Aqueles que transformaram o Golfo Pérsico num depósito de armas com o objetivo de explorar os países regionais por dinheiro enviaram agora seu representante para visitar o Golfo Pérsico e espalhar mentiras sobre o Irã”, disse Khamenei, referindo-se a Hillary durante uma reunião com visitantes da cidade de Tabriz, noroeste do país.

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Hillary encerrou sua visita à região ontem, onde pediu apoio para uma nova rodada de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra Teerã em razão da extensão de seu programa de enriquecimento de urânio, que desafia repetidos ultimatos da ONU. Durante sua viagem, Hillary disse que o Irã está se encaminhado para se tornar uma “ditadura militar” e que não há “evidências” que comprovem a afirmação de Teerã de que seu programa nuclear é completamente pacífico.

A visita de Hillary ao Catar e à Arábia Saudita teve como objetivo isolar o Irã de seus vizinhos árabes e pressionar a China, aliada de Teerã, a deixar suas resistências sobre as sanções da ONU cujo alvo principal é a Guarda Revolucionária do Irã.

Na semana passada, o Irã começou a enriquecer urânio a 20%, porcentual que segundo Washington e outros países evidencia que o país busca a fabricação de uma arma nuclear. O Irã nega a acusação, afirmando que seu objetivo é a obtenção de energia nuclear e a realização de pesquisas.

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Ontem, o presidente Mahmoud Ahmadinejad adotou uma abordagem dupla, advertindo as potências mundiais contra a imposição de sanções, mas também sugerindo que o Irã poderia suspender seu enriquecimento de urânio a 20%. “Se alguém pretende criar problemas para o Irã, nossa resposta não será como antes. Nossa resposta fará com que eles (as potências mundiais) se arrependam” de sua atitude, disse Ahmadinejad.

Ahmadinejad também disse que o Irã poderia suspender o enriquecimento de urânio a 20% se as potências mundiais fornecerem o combustível necessário para um reator de pesquisas médicas localizado em Teerã. “Não insistiremos em fazer isso (enriquecimento a 20%), embora tenhamos essa capacidade. Se eles nos fornecerem o urânio enriquecido a 20%, a situação pode mudar”, disse ele quando perguntado se o Irã poderia paralisar o controverso enriquecimento, que começou em 9 de fevereiro.

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O Irã e as potências mundiais estão num impasse sobre um acordo apresentado pela ONU segundo o qual o urânio iraniano de baixo enriquecimento seria retirado do país pela França e Rússia para ser enriquecido a 20% e então retornaria ao Irã como combustível para ser usado no reator de Teerã.

O Irã insiste que a troca de urânio deve ser simultânea e realizada em seu território. Governos ocidentais se opõem fortemente a essa exigência. As informações são da Dow Jones.