Citando os heróis latino-americanos Simón Bolívar e José Martí, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, adotou um tom conciliador em seu discurso ontem no Equador, um dos principais aliados da Venezuela de Hugo Chávez. No discurso, talhado para ser o lançamento das novas diretrizes da política dos Estados Unidos para a América Latina, Hillary evitou qualquer tema espinhoso e se concentrou na importância de reduzir a desigualdade social na região.
“Como disse Simón Bolívar, a base fundamental do sistema político depende da estabilidade e da prática da igualdade”, disse a secretária de Estado, depois de se reunir com o presidente do Equador, Rafael Correa.
No encontro com Correa, Hillary afirmou que o acordo dos EUA com a Colômbia para estabelecimento de sete bases militares “respeita a integridade territorial de todos os países da região”. Hillary também voltou a dizer que “as bases são colombianas, e não norte-americanas” e afirmou que o limite de soldados norte-americanos está “perfeitamente definido”. O acordo foi condenado pela Unasul – órgão do qual Correa é o atual presidente.
As relações entre Equador e EUA estão estremecidas desde que Correa anunciou a expulsão de dois funcionários da embaixada norte-americana, em fevereiro de 2009, por interferência nos assuntos internos do país. Ele ainda se recusou a renovar a permissão para os Estados Unidos usarem a base de Manta.
“Dissemos que nem sempre concordamos e isso se dá também dentro da Unasul, onde se discute de maneira mais frontal e aberta, mas com fraternidade”, declarou Correa. Diante do palácio do governo equatoriano, manifestantes queimaram bandeiras dos EUA sob gritos de “Fora aqueles que matam imigrantes!” e “Fora os que matam palestinos!”.