O líder do Hezbollah, o xeque Hassan Nasrallah, acusou abertamente Israel hoje de ter assassinado o ex-primeiro-ministro do Líbano, Rafiq Hariri, e disse que revelará provas disso numa conversa com jornalistas na próxima semana. “Eu acuso o inimigo israelense do assassinato do primeiro-ministro Rafiq Hariri”, disse Nasrallah, num discurso transmitido por teleconferência.
Em julho, Nasrallah disse estar consciente de que um tribunal apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que investiga o assassinato, deveria indiciar integrantes do grupo xiita libanês que ele lidera. Nasrallah disse então que o tribunal é tendencioso e fazia parte de uma conspiração israelense.
Os comunicados de Nasrallah aumentaram os temores de um surto de violência na sempre tensa cena política libanesa e levaram a uma reunião de emergência, na semana passada, entre o presidente da Síria, Bashar Al-Assad, o rei da Arábia Saudita, Abdullah, e líderes políticos libaneses.
Rafiq Hariri, que é pai do atual primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, foi morto junto a outras 22 pessoas numa explosão em avenida beira-mar de Beirute, em 14 de fevereiro de 2005. Inicialmente, a Síria foi apontada como mandante do crime. Na época, Damasco perdia influência na cena política libanesa. A Síria é uma das principais patrocinadoras do Hezbollah, bem como o Irã.
O assassinato levou a um protesto internacional e a enormes manifestações dentro do Líbano, pedindo a retirada das tropas sírias, que acabaram deixando o país após uma ocupação de 29 anos. O governo sírio negou com insistência qualquer envolvimento no assassinato.
O discurso de Nasrallah de hoje foi transmitido horas após confrontos e tiroteios na fronteira entre o Líbano e Israel terem deixando dois soldados libaneses, um jornalista libanês e um oficial israelense mortos. As informações são da Dow Jones.
