O grupo xiita libanês Hezbollah concordou em trocar dois soldados israelenses que mantém no cativeiro por cinco prisioneiros libaneses em Israel, informou na manhã desta quarta-feira (2) o líder do Hezbollah, o xeque Hassan Nasrallah.
Esta foi a primeira confirmação do Hezbollah sobre a troca, aprovada pelo gabinete do governo israelense no domingo (29).
O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, havia expressado a opinião de que os dois soldados, capturados durante uma incursão do Hezbollah em julho de 2006 que provocou uma guerra de um mês entre Israel e o grupo xiita, haviam morrido no cativeiro, mas o Hezbollah nunca confirmou isso. Nasrallah fez o anúncio em uma videoconferência com a imprensa na capital libanesa.
Nasrallah disse nesta quarta que reportagens publicadas no jornais israelenses que afirmavam que os soldados haviam morrido são "especulações, não baseadas em nada tangível".
Todos os prisioneiros libaneses que deverão ser libertados por Israel na troca estão vivos, incluído o que está há mais tempo detido, Samir Kantar, que cumpre várias sentenças consecutivas de prisão perpétua em Israel. Kantar se infiltrou no Norte de Israel em 1979 e matou três israelenses numa ação sangrenta – um homem, sua filha de 4 anos e um policial.
Informações sobre a inclusão de Kantar na troca provocaram uma forte oposição em Israel, por causa da horrenda natureza do crime – testemunhas afirmam que Katar primeiro matou o pai da menina, Danny Haran, na frente da criança, e em seguida esmigalhou o crânio da menina com a coronha do rifle – e sua libertação pode estabelecer um novo padrão a respeito do que Israel pode ceder para libertar seus soldados seqüestrados. Kantar nega ter esmigalhado o crânio da menina e diz que ela foi morta na troca de tiros com a polícia israelense.
Nasrallah disse que também providenciará um relatório detalhado sobre o piloto Ron Arad, que desapareceu no Líbano em 1986. Seu destino é desconhecido, embora Nasrallah tenha dito que chegou a "conclusões absolutas" sobre o que aconteceu com Arad após quatro anos de investigações. Ele não especificou.
Um mediador alemão indicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) chegará ao Líbano em dois dias para receber o relatório detalhado sobre o suposto destino de Arad, disse Nasrallah.
Nasrallah definiu as negociações para a troca de prisioneiros como "longas e complicadas" e descreveu os resultados como uma "nova vitória" para o Líbano. O acordo, no Líbano, foi elogiado hoje mesmo pelos críticos do Hezbollah.