O cientista Abdul Qadeer Khan disparou contra o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf nesta quinta-feira (29). Para Khan, o país foi "jogado aos cães" nos últimos dez anos.
Arquiteto do programa nuclear paquistanês, Khan está em prisão domiciliar, acusado de enviar tecnologia nuclear para Irã, Líbia e Coréia do Norte.
O pesquisador é ainda considerado um herói nacional no país, apesar de ter confessado, quatro anos atrás, fazer parte de uma rede clandestina para repasse de informações nucleares.
A carreira de Khan começou na década de 1970. Nessa trajetória, liderou o programa de enriquecimento de urânio que fez do Paquistão a primeira potência nuclear do mundo islâmico.
O aniversário do teste de uma bomba atômica pelo Paquistão, em 1998 – que conseguiu assim um meio para intimidar a rival histórica Índia – ocorreu na quarta-feira. Várias vozes no país pedem a libertação de Khan.
Falando de sua casa em Islamabad por telefone para a rede de televisão Dawn News, ele disse que o teste desafiou os céticos no Ocidente, que acreditavam que "nós não éramos capazes de fazer nada".
Para ele, porém, o país ainda precisa evoluir em outras áreas, como no desenvolvimento econômico. "As pessoas estão com fome. Você nota os (crescentes) preços e tudo o mais."
Khan ainda acusou diretamente Musharraf, pois "o líder da equipe deve ser responsável pelo fracasso dessa equipe". Além disso, reclamou das restrições impostas a ele e disse estar com alguns problemas de saúde.
Nesta quinta-feira, o porta-voz da presidência negou os rumores sobre um possível afastamento de Musharraf. Segundo o funcionário, o mandato será cumprido até seu encerramento, em 2012. O líder partidário e ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif qualificou Musharraf como "traidor". Além disso, pediu que ele deixe o cargo.
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