Hamas ainda prejudica o governo palestino, diz premiê

A Autoridade Palestina está preparando o terreno para uma conferência de doadores no Cairo em outubro com o objetivo de angariar bilhões de dólares para a reconstrução da Faixa de Gaza, disse o primeiro-ministro do país, Rami Hamdallah, nesta quarta-feira. Segundo ele, no entanto, o governo tem sido prejudicado pelo Hamas, grupo islâmico que controla a região de Gaza e cuja popularidade aumentou após sete semanas de confronto com Israel.

Em uma entrevista em seu gabinete na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, Hamdallah disse que os problemas com o Hamas só pioraram desde o conflito com israelenses, um embate que não foi aprovado pelo governo central palestino. Ele afirmou que os potenciais doadores internacionais para a reconstrução de Gaza poderão ser dissuadidos pela preocupação com a extensão do controle do Hamas sobre o território – e, consequentemente, sobre o apoio enviado – a não ser que o governo possa tranquilizá-los.

“Nós não estamos controlando Gaza até este momento. Estamos fazendo nosso melhor para integrar todos os Ministérios, todas as instituições. Nós estamos lidando com dificuldades. Estamos falando aqui de sete anos de separação”, lembrou o premiê, referindo-se à captura de Gaza pelo Hamas em 2007 e sua cisão com o Fatah, a facção política que domina a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

O porta-voz do Hamas Sami Abu Zuhri respondeu que qualquer problema que o primeiro-ministro palestino tenha com o funcionamento do governo é devido à sua própria incapacidade. Segundo ele, doadores não devem ser dissuadidos da ideia de fornecer ajuda para reconstruir a infraestrutura danificada de Gaza.

Mesmo com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza se unindo sob o governo de uma administração de tecnocratas, de acordo com um acordo assinado em maio entre o Hamas e a OLP, os principais ministérios em Gaza continuam comandados pelo grupo, disse Hamdallah.

Ele lembrou que uma autoridade do Ministério da Saúde da Cisjordânia foi atacada enquanto visitava Gaza durante o conflito, uma alegação negada pelo porta-voz do Hamas. De acordo com o premiê, a questão da desmilitarização do grupo – uma das principais demandas de Israel e dos países ocidentais – simplesmente “não pode ser solucionada agora”, apesar da insistência israelense para que isso aconteça antes do início da reconstrução.

Ainda assim, o ex-professor de inglês, hoje com 56 anos, disse estar otimista quanto ao resultado da conferência do dia 12 de outubro para angariar recursos para Gaza. Ele prometeu que pediria à União Europeia e a países árabes para contribuírem com os custos de reconstrução, estimados em cerca de US$ 7,8 bilhões. Fonte: Dow Jones Newswires.

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