Haitianas engravidam para escapar de surras

Além da ameaça da criminalidade, das gangues armadas e do terremoto que deixou mais de 230 mil mortos no Haiti em janeiro, as mulheres haitianas enfrentam dentro de casa uma das maiores ameaças: a violência dos maridos.

Embora não haja estatísticas oficiais, o Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira – que iniciou suas operações no Haiti cinco dias após o terremoto e só fechou as portas na sexta-feira – foi responsável, nos últimos quatro meses, por receber dezenas de casos de fraturas, hematomas e até perfuração nos olhos em mulheres que apanham de seus maridos.

“Elas engravidam para não apanhar. Dizem que quando estão em gestação são menos agredidas e recebem alimentos. Vi várias mulheres menores de 30 anos passando pela sexta gestação. São mulheres que nunca fizeram um exame de sangue na vida e deram à luz em suas casas”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo a tenente Fabíola Marques, ginecologista obstetra. “Mesmo assim, elas se ofendem quando oferecemos laqueadura.”

Além das mulheres, as crianças haitianas também sofrem com a violência doméstica. Depois dos 7 anos, muitas delas são “doadas” para famílias menos pobres e passam a viver numa situação análoga à escravidão. É nesse grupo que os estupros de crianças são mais frequentes. A tenente Fabíola diz que em alguns casos, as crianças de ambos os sexos são “tão brutalmente violentadas que acabam sofrendo lacerações”.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna