Médico da clínica contra cólera da organização não-governamental (ONG) brasileira Viva Rio em Porto Príncipe, no Haiti, Jacques Renard fala baixo o que autoridades no Haiti ainda hesitam em confirmar oficialmente: a epidemia da doença, cuja cifra de mortos em breve atingirá a casa dos quatro mil, está praticamente controlada. “Algumas semanas atrás, cuidávamos de dezenas de pacientes”, afirma Renard, formado há três anos em Cuba. “Neste momento, são só elas duas”, referindo-se a duas jovens com sintomas de diarreia e fraqueza que aguardavam atendimento.
A situação na ONG não parece ser uma exceção. Em novembro, o posto emergencial de combate à cólera de Waf Jeremie, uma das partes mais pobres da favela de Cité Soleil, registrou 280 casos de contaminação, em dezembro, o número caiu para 100. No Hospital da Universidade do Estado do Haiti, principal centro médico do país, onde são tratados os casos mais graves de cólera, o número de pacientes também caiu significativamente. Segundo o diretor do hospital, Alix Lasseque, em 10 de novembro, o número de pacientes era de 74, enquanto hoje é de 9.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) mantém cautela diante da redução no número de mortes. Fadela Chaib, porta-voz da OMS, afirma que o pico da epidemia só estará superado quando a taxa de mortalidade da doença atingir o patamar de 1% – atualmente está em 2,2%.