O número de guias nepaleses mortos na avalanche mais letal já ocorrida no Monte Everest já chega a pelo menos 15, disseram autoridades locais. Os envolvidos no resgate conseguiram retirar sete pessoas com vida, que estavam sob neve e do gelo depois da avalanche no pico mais alto do mundo. Três dos guias resgatados estavam gravemente feridos e foram levados para Katmandu, capital do Nepal.
“Pode haver mais guias soterrados na neve”, disse Suber Shrestha, que trabalha no Ministério do Turismo do Nepal, responsável pelas expedições ao Everest e agora encarregado de supervisionar os trabalhos de resgate.
A avalanche ocorreu por volta das 6h30 desta sexta-feira pelo horário local. Até então, o pior desastre ocorrido no Everest havia sido uma nevasca, em 11 de maio de 1996, que causou a morte de oito alpinistas. Anteriormente, em 1970, seis guias nepaleses morreram numa avalanche.
Os guias da população local do Himalaia se tornaram fundamentais para o sucesso das expedições de alpinistas estrangeiros. Os que foram atingidos pela avalanche desta sexta-feira carregavam comida e equipamentos para o levantar um acampamento de apoio a ser utilizado por alpinistas estrangeiros que tentariam subir até próximo ao pico da montanha, disse Shrestha. Cerca de 20 guias subiam próximo a área conhecida como Khumbu Icefall, uma traiçoeira região de gelo lentamente movediço a uma altitude de 6,9 mil metros, quando a avalanche de gelo desceu abaixo deixando-os soterrados.
De acordo com Shrestha, cerca de 40 guias deixaram o acampamento de apoio na base do Everest nesta sexta-feira. Alguns se dirigiram para acampamentos de altitude superior e outros ainda se dirigiam para a área de Khumbu quando a avalanche ocorreu, mas não ficaram feridos.
A área de Kumbu Icefall é monitorada no início da temporada de expedições a cada primavera por peritos em montanhismo, conhecidos como “doutores do gelo”, para identificar o caminho que os alpinistas e os guias devem seguir para atravessar a região em segurança.
Todos os anos, cerca de 300 alpinistas estrangeiros e mais de 600 guias locais sobem o Everest durante a temporada de expedições, de acordo com o Ministério do Turismo do Nepal. Há duas temporadas de expedições ao ano, uma delas começando em abril e terminando em maio e a outra começando em setembro e se encerrando em outubro. A maior parte dos alpinistas estrangeiros vem da Ásia, Europa e América do Norte.