Guerra ao narcotráfico marca eleições no México

Um único tema paira como uma assombração nas eleições estaduais e municipais deste domingo no México: as drogas. Um candidato a governador foi fotografado em companhia de um poderoso traficante; outro foi preso sob a acusação de dar proteção a dois cartéis da droga; e um terceiro foi assassinado na última segunda-feira, depois de prometer que traria paz a seu Estado.

Muitos mexicanos temem ir às urnas e outros se perguntam por que se dariam a esse trabalho, já que os cartéis parecem estar no controle. As eleições para governadores, prefeitos e vereadores em 12 Estados mexicanos são o maior desafio até agora para o governo conservador do presidente Felipe Calderón, que declarou guerra aos cartéis do narcotráfico em 2006. O conflito já deixou 23 mil mortos.

Um comparecimento baixo às urnas nos Estados mais violentos seria um sinal de que os mexicanos têm mais controle do que nunca sobre a situação. Ao mesmo tempo, o Partido de Ação Nacional (PAN), de Calderón, enfrenta um ressurgimento do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México de 1929 a 2000 por meio de uma combinação de coerção e corrupção que os críticos consideravam uma forma disfarçada de ditadura.

O PRI é considerado favorito para vencer as eleições para governador na maioria dos Estados em disputa, o que lhe daria impulso para reconquistar a Presidência em 2012. Isso traria ainda mais incerteza quanto ao futuro da guerra ao narcotráfico, que é apoiada pelos EUA com milhões de dólares a cada ano e tem sido marcada por um crescimento sem precedentes no número de suspeitos extraditados para os EUA.

O maior abalo, durante a campanha eleitoral, aconteceu na segunda-feira, quando o candidato a governador do Estado de Tamaulipas, Rodolfo Torre, foi assassinado. Ele era considerado favorito para vencer a eleição. O PRI escolheu o irmão de Torre, Egídio, para concorrer em seu lugar. Calderón disse que o ataque é uma mostra de que os cartéis da droga estão tentando influenciar o resultado das eleições.

Para muitos, o assassinato é um lembrete assustador do poder crescente do narcotráfico em Tamaulipas, um Estado de pecuária e petróleo que é considerado reduto do PRI e também o local onde teria nascido o Cartel do Golfo.

Capangas a serviço do cartel extorquem estabelecimentos comerciais. Cidadãos comuns evitam as estradas da região, onde caravanas de utilitários-esportivos cheios de homens armados desfilam abertamente, alguns deles exibindo adesivos com o símbolo do cartel. A imprensa local parou de informar sobre a violência, depois de repórteres serem ameaçados e espancados.

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