Organizações de defesa dos direitos humanos pediram hoje que o ex-ditador haitiano Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier seja processado. Ele retornou ontem ao país, após 25 anos, gerando preocupação internacional.

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“O retorno de Duvalier ao Haiti deve ser por um único propósito: fazer justiça”, disse José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da Human Rights Watch. “Sob a presidência de Duvalier e seus Tonton Macoutes (milicianos), milhares foram mortos e torturados, e centenas de milhares de haitianos fugiram para o exílio. Já passou do tempo de ele ser responsabilizado”. Vivanco lembrou que o Haiti já tem problemas suficientes sem Baby Doc. “A presença de Duvalier – a menos que ele seja preso imediatamente – é um tapa na cara de um povo que já sofreu tanto.”

Mais cedo, a Anistia International fez comentários similares sobre o ex-ditador, que voou até o Haiti vindo da França. O país luta para se recuperar de um violento terremoto ocorrido há um ano e está no meio de um processo eleitoral presidencial, em que ainda é preciso haver o segundo turno. O ex-líder disse que veio “para ajudar”, mas a Anistia Internacional afirma que ele deve enfrentar a justiça, pelo regime de quase três décadas dele e de seu pai, François “Papa Doc” Duvalier, que segundo muitos haitianos era uma época de repressão e medo.

A Comunidade do Caribe (Caricom), que reúne 15 nações, demonstrou preocupação com o retorno. Segundo Denneth Modeste, presidente do Conselho da Comunidade do Caricom e também chanceler de Granada, a volta de Baby Doc seria uma “distração incômoda”, no momento em que a comunidade internacional tenta “desesperadamente” consolidar os “frágeis avanços de segurança dos últimos anos”.

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Ditadura

Baby Doc chegou ao poder em 1971, aos 19 anos, quando seu pai morreu. Ele controlou o país miserável com mão de ferro, proibindo a oposição, reprimindo dissidentes e desviando dinheiro público para fins privados. Governou o Haiti durante 15 anos, até haver um levante popular em 1986, quando forças que lutavam pela democracia tomaram as ruas. Os EUA pediram que ele deixasse o poder e ele saiu do país em um avião da Força Aérea norte-americana. Posteriormente recebeu permissão para viver exilado na França. As informações são da Dow Jones.

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