Confrontos na capital da Somália, Mogadiscio, deixaram 113 civis mortos nos últimos três dias, afirmou uma entidade de direitos humanos hoje. Além disso, outras 27 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas por causa da violência. Apenas em Mogadiscio, aproximadamente 10 mil civis fugiram apenas hoje, segundo Ali Sheik Yasin Fadhaa, da independente Elman Human Rights Organization. Aproximadamente 350 civis se feriram, no que Fadhaa qualificou como a pior onda de violência na capital nas últimas semanas.

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A entidade coletou os dados em conversas com sua equipe espalhada pela capital, em hospitais e com parentes de vítimas. O governo somali raramente divulga dados sobre mortes. A piora da violência na nação do Chifre da África coloca frente a frente combatentes pró-governo e os aliados do Al-Shabab, um grupo insurgente cujo objetivo é derrubar o governo apoiado pelo Ocidente e estabelecer um Estado islâmico. Ao longo do fim de semana, os dois lados realizaram vários ataques na capital, com morteiros e metralhadoras.

Os insurgentes tentam derrubar o governo desde 2006. A falta de controle também permitiu que a pirataria prosperasse muito na costa somali. A Somália não tem um governo efetivo desde 1991, quando senhores de guerra derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre. Em seguida, os senhores de guerra passaram a se enfrentar, levando a nação ao caos. O governo de transição foi formado em 2004, mas não consegue controlar o país. O presidente, xeque Sharif Sheik Ahmed, disse ontem que as pessoas responsáveis pela violência nos últimos dias são contrárias à paz. Mas também disse estar disposto a dialogar com os opositores.

Os Estados Unidos temem também que o país se torne um celeiro de terroristas, particularmente após o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, declarar seu apoio ao Al-Shabab. Os EUA acusam esse grupo de manter laços com terroristas ligados à Al-Qaeda acusados pela explosão de embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998. O Al-Shabab controla boa parte do sul da Somália. O governo de Ahmed controla diretamente apenas algumas quadras de Mogadiscio e uma cidade fronteiriça. Porém o presidente tem aliados em milícias que controlam boa parte do centro somali e trechos do sul.

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Ahmed, eleito pelo Parlamento em janeiro, era um dos líderes da insurgência islâmica. Desde sua eleição, ele tenta fechar acordos de paz com grupos em conflito e ganhar legitimidade. Em uma conferência em Bruxelas no mês passado, o presidente se disse disposto a fazer “todo o imaginável” para estabilizar a Somália.