Um grupo de trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) vai propor hoje, na 15ª Conferência do Clima, na Dinamarca, a criação do “protocolo de Copenhague”. Se for aprovado pelos 192 países ao término das negociações, o documento – que não tem nome oficial – complementará o Protocolo de Kyoto, sem extingui-lo. O novo tratado deve reunir os países em desenvolvimento, como Brasil e China, além dos Estados Unidos (que não entraram no Protocolo de Kyoto).
A proposição busca incluir os norte-americanos em um acordo para que passem a adotar metas de redução das emissões de CO2, assim como os demais países industrializados. As informações foram obtidas pela reportagem com diversas fontes diplomáticas da Europa e da América Latina envolvidas nas negociações. “Queremos um texto robusto, com metas e clareza no financiamento. Se tivermos isso, teremos um protocolo”, disse o diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty, Luiz Alberto Figueiredo, vice-presidente do grupo de trabalho do LCA (países em desenvolvimento e EUA) e redator do texto.
A proposta não pretende substituir Kyoto, mas criar um quadro semelhante, com metas obrigatórias e mecanismos de financiamento. O objetivo é atrair os EUA, tornando seu esforço para combater o aquecimento global equivalente ao já feito por outras nações industrializadas, como as da UE. O documento terá uma divisão das nações similar à existente em Kyoto: “anexo I”, com países desenvolvidos, e “não anexo I”, com nações em desenvolvimento. Não haverá distinção entre grandes emergentes – China, Brasil, Índia e África do Sul – e os “mais vulneráveis”, como os africanos.
“A contrapartida dos países emergentes será a mesma de Kyoto. Os regimes não mudam”, explicou um dos negociadores envolvidos na redação. Assim, países ricos terão metas, enquanto os demais ficam com ações voluntárias, mas verificáveis.