Um grupo de lideranças do Partido Comunista da China escreveu uma carta aberta pedindo o fim das restrições à liberdade de expressão no país. Trata-se do mais recente sinal de um debate interno sobre a reforma política na nação asiática.
A carta, firmada por 23 nomes – a maioria deles conhecidos reformistas, incluindo o ex-editor do jornal Diário do Povo -, foi rapidamente removida após aparecer ontem em um site de mensagens breves chinês. No entanto, o texto tem circulado pela internet, apesar da censura virtual que também ocorre no país.
Dois dos signatários confirmaram ao Wall Street Journal que a carta era verdadeira. Um deles se referiu a um recente discurso do primeiro-ministro, Wen Jiabao, pedindo reformas políticas.
Li Rui, um dos signatários e ex-secretário de Mao Tsé-tung, disse: “(A carta) foi iniciada por outros no fim do mês passado. Eu não tenho nenhum conhecimento sobre computadores. Eu li o rascunho e concordei com o conteúdo. Atualmente, o problema é que a imprensa tem sido controlada muito estritamente.” Questionado sobre o efeito que a carta pode ter, respondeu que “é difícil dizer, ainda que Wen Jiabao tenha defendido reforma política nos termos de nossas palavras”. Em seguida, o telefonema foi interrompido.
“Nós escrevemos essa carta porque o nível de liberdade de expressão está longe do estipulado pela atual Constituição e pelo atual governo constitucional”, disse Jiang Ping, um ex-chefe da Universidade da China de Ciência Política e Direito.
A publicação da carta ocorre no momento em que o partido se prepara para um importante encontro de três dias, que começa na sexta-feira. Nesse encontro, lideranças do país devem discutir reformas políticas, entre outros temas.
A reunião ocorre também pouco após o dissidente preso Liu Xiaobo levar o Nobel da Paz. Liu está preso desde dezembro por escrever um manifesto pedindo liberdade de expressão e uma democracia multipartidária no país. As informações são da Dow Jones.